terça-feira, 10 de julho de 2012

Ecodesign e Ecomoda


LUIS FELIPE - sexta, 11 maio 2012
 
Olá Pessoal, 
A moda é um dos "gatilhos" que nos faz consumir, que cria necessidades. Seria possível estar na moda sem consumir tanto? O que seria uma "ecomoda"?
A ecomoda seria coisa para um nicho de pessoas (os ecochatos, bicho grilo e gente estranha)?
Vamos discutir também sobre ecodesign e análise de ciclo de vida. Como estes conceitos podem contribuir na conscientização dos cidadãos? E por que eles não são mais difundidos? 
Será que nos próximos anos poderemos comparar produtos com base nas informações fornecidas por alguma técnica do ecodesign? Será que as pessoas irão perceber que o produto não nasce na loja e não termina quando elas descartam? 
Vamos discutir todos estes conceitos e também fazer proposições. Apresente ideias e opine sober as ideias dos colegas, sem se preocupar se são boas, viáveis ou importantes. Vamos fazer um "toró de parpites" sobre ecomoda, ecodesign e análise de ciclo de vida de produtos. 
Vejam o material que postei e tragam suas sugestões de leituras.
Um abração prá vocês, SEUS FILHOS DA MÃE!!!!!
Felipe
obs: Um beijo pras respectivas mães.

Patrícia - sexta, 11 maio 2012
 
Bem filha da mãe que eu sou, começo perguntando: essa pesquisa das sacolinhas foi encomendada por quem? 
Brincadeira, na real fiquei impressionada com a técnica e os resultados, que reforçam a máxima "tudo depende"...
Sobre moda, creio que realmente deve ter muito o que se fazer ainda, porque a palavra nos lembra descarte - o que está fora de moda vai parar em que lugar? Encontrei um artigo que não é dos melhores (tem até erros de concordância verbal) mas tem algumas informações interessantes: 1/3 das vítimas de intoxicação agroquímica são produtores de algodão; no Rio de Janeiro existe uma cooperativa - CoopaRoca - que produz moda com restos de tecidos doados e material reciclado, usa técnicas artesanais (fuxico, patchwork...) e estilistas brasileiros já levaram peças de lá para desfiles internacionais. Aqui vai o artigo se alguém se interessar: http://www.ceart.udesc.br/modapalavra/edicao2/files/sustentabilidade_ambiental-neide_e_luciana.pdf
Esse outro artigo vai na linha do luxo, a "compra verde" como atitude de vanguarda: http://gpceid.ceart.udesc.br/revista_dapesquisa/volume4/numero1/moda/ecoluxoesust.pdf
Não li todo material ainda, então de momento, parafraseando o Márcio, esses são meus "centavos" de contribuição. Mas eu volto!

Patrícia - sexta, 11 maio 2012
 
Tem essa dissertação da UFF, de 2009, que buscou pesquisar a motivação de profissionais e estudantes de moda sobre as questões de sustentabilidade. Interessante que ela aponta o fato de existir consciência e faltar conhecimento - materiais e processos mais sustentáveis, por exemplo. Inclusive comenta que as universidades e cursos de moda deveriam se ocupar disso. http://www.ecotece.org.br/media/biblioteca/arq24.pdf

Alan - sábado, 12 maio 2012
 
Olá pessoal. Farei um pequeno comentário sincero sobre o que penso da moda e meus atos com relaçao a ela. Depois voltarei a postar sobre o tema.
O significado da palavra moda é: uso passageiro que rege, de acordo com o gosto do momento, a maneira de viver, de vestir etc.
No meu caso, eu faço a minha moda e não estou entre aqueles que são consumistas de moda. Gosto de me sentir bem com o que eu uso e nunca sigo tendências. Aliás, odeio quando eu descubro algo interessante de usar e aí o "troço" vira algum tipo de moda. O último exemplo são as camisas xadrez de lã que o pessoal está usando. Comprei uma há anos quando era dificílimo de encontrar e aí quando vi um monte de lojas vendendo isso pensei: "que m...". Pensei em comprar umas 3, 4 camisas e guardar para daqui uns 15 anos, quando ninguém estiver mais usando...o mesmo eu penso sobre músicas, automóveis, aparelhos eletrônicos, etc...
E aí entra uma coisa interessante. O que realmente acontece com as roupas quando não forem mais usadas? Vão para doação? Lixo? Ao menos na minha casa eu tenho certeza de que minha mãe sempre doou as roupas em melhor condição de uso (diga-se de passagem que a maioria em ótimas condições de uso foram da minha irmã). As desgastadas (minhas e do meu pai, heheheh) vão para o lixo mesmo. 
Sobre a ecomoda, eu não credito que seja mais uma "moda". Acredito que seja uma nova categoria da moda e que poderá sempre existir, uma vez que mais produtos podem ser desenhados pensando no "eco". Aliás, o mais interessante seria que no futuro, a ecomoda substituísse a moda como um todo, ou seja, os padrões seriam sempre eco. Aí poderiam tirar o eco da palavra pois toda moda seria ecológica (entenderam?). Depois volto a postar...
Abraço!

Alan Ambrosi - domingo, 13 maio 2012, 13:56
 
Notícia fresquinha...
http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2012/05/empresario-faz-roupas-com-pneu-usado-e-ate-lona-velha-de-caminhao.html
Abss..

Patrícia - domingo, 13 maio 2012
 
Encontrei um artigo sobre Ecodesign que traz uma definição abrangente do conceito, porque o apresenta de maneira ampliada, com a responsabilidade de pensar na produção e não só no "desenho". Eu nunca tinha visto por esse lado, em minha ignorância sempre percebi design ligado apenas ao visual. Citações do artigo:
"O Ecodesign é o conceito de tornar o processo de design essencialmente ecológico e sustentável, produzindo artefatos que não gerem problemas ambientais em nenhuma fase do seu desenvolvimento, nem durante seu uso 
e pensando também no seu descarte com o objetivo de manter uma cadeia sustentável de produção."
" O objetivo de um produto de ecodesign é tornar a economia mais “leve”. Esse processo também é chamado de “ecoconcepção”, uma abordagem que procura reduzir os impactos ambientais de um produto concebendo através da otimizando os recursos necessários para sua fabricação, ao mesmo 
tempo em que conserva sua qualidade de uso (funcionalidade e desempenho), para melhorar a qualidade de vida dos usuários de hoje e de amanhã (KAZAZIAN, 2005, p.143)"
Interessante também conhecer os princípios sugeridos pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) que conforme o artigo foram descritos por Brezet e Hemel (1997): 
Nível Base: novo conceito de desenvolvimento de produto que deve pensar na necessidade a ser atendida, os materiais ecológicos/sustentáveis possíveis de uso e inclusive pensar o produto como de uso coletivo;
Nível 1: seleção do material com baixo impacto ambiental, considerando tempo de vida/uso (como no caso das sacolinhas de plástico, o que parece pior nem sempre é pior);
Nivel 2: redução de material; otimização de armazenamento e transporte;
Nivel 3: otimização da produção; destacam que quem cumpre a ISO 14000 está atuando APENAS nesse nível;
Nível 4: otimizar a distribuição usando meios de menor impacto;
Nível 5: redução do impacto quando o produto já está com o consumidor e sendo usado, ou seja, não é só na produção que existe impacto e isso deve ser considerado;
Nível 6: otimização do tempo de vida, que não quer dizer que precisa durar muito, mas sim que seu processo de produção e seus componentes sejam mais ecológicos ou menos impactantes ao meio ambiente;
Nível 7: pensar no descarte - aqui lembra de novo o Zero waste - materiais que possam ser reutilizados e que tenham impactos mínimos se descartados. 
Vale a pena ler, porque depois das definições eles refletem sobre a questão de ser realmente aplicado com seriedade ou apenas uma forma de atingir os consumidores de produtos ecológicos, ou seja, o ecodesign é pra valer ou é pra vender? http://portal.anhembi.br/sbds/anais/SBDS2009-005.pdf

Patrícia - domingo, 13 maio 2012
 
Alan, as mulheres realmente exageram na quantidade e alimentam o mercado da moda/vestuário... Mas me diz qual a diferença no caso que você cita da tua família pelo fato de que as roupas das mulheres são doadas quase novas e as dos homens vão para o lixo? São doadas em condições de uso, logo, vão servir para outras pessoas usarem, e provavelmente algum dia vão para o lixo, ou seja, acaba tudo no lixo, a diferença é mais pelo que se gasta (mulheres gastam mais com roupa do que homens) e menos no impacto ambiental... Ok, se consumimos mais precisa mais matéria prima, energia, etc na fabricação, mas o que estou querendo dizer é que se alguém estiver ainda aproveitando essas roupas o impacto fica mais no bolso da mulherada que comprou muito e doou com pouco uso do que no meio ambiente. 
Não entenda que estou defendendo o consumo ou a moda, eu estou apenas querendo refletir sobre o que realmente gera mais ou menos impacto, ou seja, se andar na moda (entendendo que a moda é passageira e que muito se produz e consome por isso) realmente é o maior problema numa sociedade em que muita gente depende de doações para se vestir e até mesmo para comer...
Acredito que nossos hábitos de consumo precisam ser revistos em todos os sentidos, seja em roupas, aparelhos eletrônicos, eletroeletrônicos e por ai vai. A moda em si não é a maior vilã da história, e não lembro quem falou um dia em aula que se podemos produzir energia limpa e deixar o aquecedor ligado no inverno então está tudo certo. É o mesmo raciocínio. Pelo que andei lendo, parece que o ecodesign tem justamente esse papel: vamos produzir, vender, consumir, ou seja manter a economia em movimento MAS de uma forma sustentável. Zero Waste na cabeça!
A moda/vestuário é também uma forma de expressão, de comunicação, de dizer quem eu sou e o que eu penso pela imagem que eu tenho ao me vestir, e isso faz parte da cultura da humanidade. Sua atitude de não querer usar o que todo mundo usa é parte de tua personalidade, reflete os teus valores. Da mesma forma existem pessoas que só usam roupas "básicas" ou clássicas, ou seja, que nunca saem da moda, que são sempre "permitidas", valorizadas, enfim, como jeans/camiseta/tenis; e existem pessoas que sabem que a cor tal não está na moda e que por tanto esse ano não vão usar. Me lembro uma vez quando morava em Caxias do Sul (pelo meu trabalho tinha que usar roupa social, e sempre busquei cores sóbrias) ao pedir numa loja um terninho marrom a vendedora me olhou como se eu fosse um ET e disse "Marrom era fashion no ano passado querida, esse ano vai se usar cinza ou vermelho". Saí da loja indignada, porque eu não estava preocupada com o que era fashion, e comprei meu oldfashioned terninho marrom em outra loja!
Enfim, antes que eu perca o fio da meada, o que quero dizer é que a moda é mais do que o consumo, é um meio de comunicação e também uma expressão de cultura, não podemos condenar a "prenda" por ter vestidos diferentes para cada tipo de apresentação nos CTGs da vida, por exemplo.

Gabriele - domingo, 13 maio 2012
 
Boa noite!
Bom, em relação à moda, eu penso na mesma linha da obsolência programada. Acho que a estratégia que se busca em geral é a de o produto durar o menor tempo possível na mão do consumidor, seja por baixa qualidade, seja porque está fora de moda. Assim, a economia gira mais rápido e há maior geração de lucro. Acho que no vídeo que comentamos em outro fórum, a história das coisas, fala um pouco sobre isso também.
No entanto, acho que tem surgido muitos negócios interessantes a partir de materiais reciclados. O próprio caso da Gueto, achei muito bom! Encontrei mais um exemplo de uma empresa que também foi incubada e que faz produtos a partir de materiais reciclados. Mas aqui também, o design e a inovação foram bastante importantes para o negócio dar certo http://www.youtube.com/watch?v=gB8RlTl2K5k.
Encontrei um exemplo de economia solidária, no qual uma coopertativa de costureiras faz sacolas a partir de banners, entre outras coisas. http://www.youtube.com/watch?v=-8yiZH8iPis 
Falando em sacolas, achei bem interessante a proposta de estudo das sacolas plásticas, acredito que realmente há cenários em que sacolas de certos materiais são mais eficientes do que outras, entretanto esse estudo foi desenvolvido pela Braskem, empresa um tanto interessada nos resultados acredito eu...
Abs

Ana Paula - domingo, 13 maio 2012
 
Boa noite pessoal!
Vou começar tentando responder à pergunta: O que é Ecomoda?
O mercado ligado à moda é caracterizado por mudanças rápidas e frequentes: os ciclos de vida dos seus produtos diminuem; há uma intensa concorrência resultante da globalização que resultam na busca por melhorias contínuas e formas de inovação dos produtos. O sistema de moda acaba por acompanhar de maneira rápida as mutações do mercado, surgindo então novo negócio: a moda sustentável. Dentro desta nova perspectiva de mercado, busca-se o valor do design agregado a um produto com conceito ecológico: o ecodesign. A moda sustentável é um tema que começa a ser tratado na moda, chegando à prática de estilistas e empresas de moda com importância mundial. O maior desafio da moda sustentável está em provar que não se trata de um modismo – mas sim de uma necessidade para o futuro. Se trata de repensar, reciclar e renovar (BARROS, 2010).
De acordo com Schulte et al (2011) , a moda é uma das indústrias de maior alcance nas camadas sociais, apresentando representativos índices de poluição em toda sua cadeia produtiva. Dessa maneira, os designers de moda precisam se atentar para as questões ambientais em suas criações no processo produtivo, utilizando tecidos ecológicos, abolindo os sintéticos e as peles. Os consumidores estão buscando cada vez mais por inovações e por produtos menos poluentes. O conceito de Ecodesign propõe um casamento entre a natureza e a tecnologia, baseado na ecologia. Os materiais são escolhidos considerando sua toxicidade, abundância na natureza e possibilidade de reciclagem.
O trabalho de Schulte et al descreve uma das experiências do Programa de Extensão EcoModa da UDESC: Coleção Primavera Silenciosa. O Programa EcoModa surgiu como  alternativa para incentivar e criar uma moda inovadora, moderna e, acima de tudo, que respeita o meio ambiente. A coleção tem esse nome para homenagear a bióloga Rachel Carson, que em 1962 publicou o livro “Primavera Silenciosa”, em defesa do meio ambiente natural – desencadeando investigações sobre os danos dos inseticidas e outros produtos químicos à saúde humana e às demais formas de vida. A coleção “Primavera Silenciosa” foi desenvolvida como proposta para se repensar o sistema da moda diante da emergência por um modo de vida ambientalmente mais sustentável. Para produzir a coleção, foram pesquisados materiais com menor impacto ambiental (como os tecidos orgânicos, reciclados e reaproveitados e utilizados produtos da cultura local como as rendas de bilro e os acessórios feitos por artesãos). Além disso, procurou-se trabalhar com uma estética menos efêmera, mais atemporal, para que as roupas sejam usadas por mais tempo e não sujeitas à moda passageira (http://bu.udesc.br/arquivos/id_submenu/797/artigo_ceart_170.pdf). O artigo que a Patrícia postou é do mesmo Programa de Extensão, e é muito interessante!!! As autoras terminam o trabalho afirmando que propor produtos desenvolvidos com a dimensão ecológica é um meio para estimular e consolidar o desenvolvimento sustentável e o consumo consciente.
O artigo de Barros, por sua vez, também descreve o trabalho de o projeto de extensão Ecoalize-se: seja um consumidor consciente, desenvolvido pela Universidade de Pernambuco Campus Caruaru. O projeto tem como objetivo promover a conscientização da sustentabilidade nos consumidores por meio de uma série de ações, a partir da reciclagem de peças pela técnica de Customização (utilização de aviamentos e acessórios resultando em produtos inovadores e individualizados). O projeto evidencia a viabilidade econômica na moda sustentável a partir do aproveitamento do lixo como matéria prima de produtos. Conforme a autora, repensar o lixo e difundir o princípio de preservação da natureza é um trabalho que vem sendo desenvolvidos por vários estilistas. Garrafas pets viram blusas. Películas de cinema transformam-se em bolsas. Planta tradicional da Amazônia torna-se tecido 100% ecológico. Um vestido feito de sobra de plástico, um top de pet, uma saia de retalhos. No final do trabalho, aparecem algumas imagens das peças confeccionadas (http://antennaweb.com.br/edicao6/artigos/edicao6artigo4_eco.pdf).

Ana Paula - segunda, 14 maio 2012
 
Achei o relato da Gueto muito legal! Evidencia a visão das proprietárias ao observar uma oportunidade (uma lacuna de mercado) para os resíduos das indústrias calçadistas. Concordo que a maior dificuldade está no fato da aceitação desses produtos inovadores pelo mercado. Além disso, acredito que o fato de a empresa estar inserida em um projeto de Incubadoras de Empresas, vinculado a uma faculdade, consolidou sua participação no mercado. No caso dos resíduos das indústrias calçadistas, tive contato por causa do meu TCC (conforme já publiquei em outro fórum), que tratou de um projeto de viabilidade econômica de uma indústria de brita ecológica – produzida a partir de resíduos de EVA de indústrias do pólo calçadista. Para quem tiver interesse em dar uma olhada em sites de empresas que produzem a brita ecológica: http://britaleve.com.br/; http://www.ecoleve.net.br/.
O primeiro site é da Maison Indústria e Comércio de Artefatos de Cimento Ltda. A empresa desenvolveu um processo de reciclagem que permite reaproveitar resíduos e aparas de placas expandidas de EVA. Em virtude da dificuldade de reprocessamento, a solução encontrada para o reaproveitamento do EVA foi a sua utilização como carga para concreto (brita ecológica). A unidade de reciclagem de EVA situa-se em Estância Velha (RS), na região do Vale do Rio Sinos. A atividade de reciclagem do resíduo de EVA começou a ser desenvolvida em 1993 e foi desenvolvida devido à curiosidade e à criatividade do proprietário da empresa.
No entanto, algumas barreiras foram encontradas pela empresa. A primeira barreira foi a falta de credibilidade da empresa diante do setor calçadista e dos ambientalistas. O proprietário não possuía conhecimento técnico do assunto e encontrou uma solução para um problema que instituições de pesquisa no Brasil e no exterior não haviam resolvido. Segundo o proprietário da empresa, existiam na UFRGS pesquisas sobre as propriedades de um agregado obtido a partir de EVA, mas estas eram focadas somente era realizada a moagem, sem a remoção do agente expansor e do plastificante (processos necessários para a produção da brita ecológica). Para contornar esta situação, a tecnologia foi patenteada no INPI e a empresa passou a participar de feiras e exposições, conquistando credibilidade. Além disso, foram realizados ensaios em laboratórios da Universidade credenciados pelo INMETRO para comprovar as propriedades do produto.
O processo de reciclagem do EVA é uma inovação introduzida pela Maison, onde o seu proprietário conseguiu visualizar a questão ambiental como uma oportunidade. O caso da empresa exemplifica que, através da pesquisa e de investimentos em tecnologia, é possível obter uma solução para um problema ambiental e, ainda, economicamente viável.
Fonte: ROLIM, 1999.
Acredito que os dois casos mostram a importância das Universidades ao trabalhar diretamente com empresas para criar produtos inovadores, que contribuam para reduzir os impactos ambientais! Além disso, evidenciam que ideias inovadoras podem dar certo. E ideias não faltam! No vídeo que a Gabi postou, aparecem outros vídeos vinculados com ideias para reaproveitamento/reciclagem de materiais. Por exemplo, encontrei uma empresa que trabalha com o reaproveitamento de jeans, a Limonada Moda Customizada (http://www.slideshare.net/janainaramos/limonada-moda-customizada-5193334). Quanto ao resíduo originado pela brita ecológica (o pó de brita), existe uma empresa que o aproveita para produzir uma massa niveladora que pode substituir revestimentos (http://www.colormath.com.br/massa_niveladora.html).

Valeria - segunda, 14 maio 2012
 
Sobre oestudo da Braskem, de ecoeficiência das sacolas, achei que faltaram algumas explicações, como, por exemplo, os percentuais dos fatores de ponderação... eles foram estabelecidos ou se usou algum referencial científico para isso? Analisando a matriz de ecoeficiência, tive uma surpresa: a sacola tradicional e a oxidegradável tem praticamente o mesmo impacto ambiental, sendo que o que as diferencia é o custo. Outra surpresa foi o do pior desempenho ambiental atribuído à sacola de papel. Deve ser porque a ela se atribui praticamente um único uso, já que normalmente ou rasga ou amassa ou fica inutilizada de outra forma. Interessante isso! E, Pati, analisando que o estudo é da Braskem, concordo contigo de que "tudo depende do ponto de vista".
Abraço,

Valeria - segunda, 14 maio 2012
 
Sobre uma das questões abordadas pelo Alan, gostaria de comentar que talvez esse termo "ecomoda" não seja dos melhores. Colocar "eco" antes de qualquer coisa já traz, para muitos, aquela impressão de que "lá vem os chatos de plantão" (como o Felipe falou). Cá entre nós, isso de ser julgado é uma chatice. E não podemos negar que esse pensamento existe. Eu mesma passo por isso tantas vezes... quando as pessoas sabem que não como carne e que não bebo bebida alcoólica. Por sorte, nunca fui de me deixar influenciar por modismos nem pela personalidade alheia. Então, não vou passar a comer carne só porque é mais socialmente aceito. O que mais ouço é "ah, se tu não come carne, come o que, então?". E minha resposta tradicional é "todo o resto!". Hoje, a meu ver, vários termos são mais "moda" do que uma preocupação, de fato, com o que há de consistente nesses próprios termos, a começar pelas palavras "sustentabilidade" e "ecoqualquer coisa". Talvez o próprio "ecoqualquer coisa" seja uma moda, vai saber. Comercialmente falando, colocar "eco" antes de qualquer termo talvez não seja o mais apropriado, pois não sei se esse apelo é percebido pelo mercado mais como algo realmente eficiente para o planeta ou como uma "chatice de ambientalista". Sempre haverá os que nos julgarão e penso que se estivermos tranquilos com nossa consciência e com o que nos motiva a sermos melhores para o planeta, teremos feito nossa parte, por menor que seja nosso grão de contribuição.

Valeria - segunda, 14 maio 2012
 
Outro caso de iniciativa relacionada ao tema é o da Justa Trama, que atua em vários estados integrando a cadeia do algodão ecológico e atua nos eixos da solidariedade e cooperação, sustentabilidade ambiental e comércio justo. Esse é um caso antigo e vocês já devem conhecer, porque foi bem divulgado na mídia. O link para conhecer um pouco mais é o http://justatrama.com.br/home/index.php
Pelo Sebrae, tivemos um trabalho desenvolvido com a Justa Trama e com a Unisol Brasil e o maior problema que tínhamos era determinar, por meio de cálculos exatos, o retorno sobre o investimento. Havia, e talvez ainda haja, um grau de despreparo no tratamento do negócio como negócio. E por mais que o tema seja "ecomoda e sustentabilidade ambiental" há que se tratar isso com boa base de argumentação, para não ser, justamente, uma coisa passageira, apenas uma moda.
Abraço,

Anelise - segunda, 14 maio 2012
 
Ola pessoal,
Concordo com a Gabriele quando fala de moda com obsolência programada fazendo assim a economia girar mais rápido e haver maior geração de lucro. Se pararmos para pensar, quase todos nos consumimos bem mais do que precisamos, em maior o menor proporcao para cada um, por isso defendo a ideia da Patricia a respeito de revisar nossos hábitos de consumo em todos os sentidos, seja em roupas, aparelhos eletrônicos, eletroeletrônicos, e tentar difundir essa ideia com amigos, familiares. Porem, entra ai a questao cultural tambem ja abordada, de o fato de como nos vestimos representa o que queremos passar para o mundo sobre nos. `E uma questao bem dificil, principalmente por  tantos interesses economicos estarem circundos a ela. Tomara que a "nova moda" seja a ecomoda, e que essa sim nao seja efemera. Nesse site http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/ecomoda apresentam-se propostas de ecomoda, entre elas está uma que pretende tornar o ciclo de vida dos produtos do vestuário mais longos e sugere que o consumidor compartilhe mais as roupas e escolham peças com as quais se identifiquem mais e que tenham maior durabilidade.

Raquel - segunda, 14 maio 2012
 
Oi pessoal,
Há um tempo escrevi um artigo sobre o "plástico verde" da Braskem: http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo/article/view/59
Eu lembro que na época, quando fiz as entrevistas, o que principalmente motivou a produção do plástico verde foi a demanda, ou seja, os clientes estavam pedindo. 
A decisão de investir em plástico verde foi em grande parte motivada pela concorrência e pela imagem da empresa.
Lembro também que nas entrevistas, comentaram que o plástico era de fonte renovável, mas não era biodegradável, e que isto era um problema comercial, na época. Não sei se resolveram.

Raquel - segunda, 14 maio 2012
 
Lendo o que o Alan comentou, fiquei na dúvida se ecomoda e ecodesign serão modismos (tendências que passam rapidamente) ou se realmente são uma tendência futura que irá se estabelecer. Espero que seja a segunda opção.
Respondendo ao Luiz Felipe, já foi a época em que a preocupação ambiental era para ecochatos, agora é exatamente ao contrário, é considerada uma preocupação de pessoas "antenadas" com a realidade e "está na moda" ser ecochique.
Em todas as publicações e eventos de moda e design há uma ênfase muito grande neste segmenteo, em todo o mundo. A quantidade de programas de TV fechada que fala do tema também é crescente.
Contudo, pelo menos no Brasil, vejo que em termos de consumo isto ainda é muito direcionado às camadas mais ricas da sociedade, visto que este produtos são normalmente mais caros, assim como a alimentação orgânica.
Assim, faço a seguinte pergunta:
- Há realmente uma preocupação com o ecodesign e ecomoda ou é só mais um segmento rentável de negócio inovador, que irá perder fôlego com o tempo?
Afinal, quando muitos designers tiverem se dedicando ao ambiental, social e valorização regional, que são as temáticas atuais, não será mais inovador e poderão procurar outro assunto...

Uiara - segunda, 14 maio 2012
 
Primeira contribuição:
É engraçado como a escassez faz a ecomoda. Desde que eu era pequena eu fazia isso e não sabia que viraria moda.
Reutilizar uma peça de roupa, reformar, aproveitar os tecidos, retalhos, transformar uma roupa antiga em algo da moda.... e acima de tudo, usar as roupas que não serviam mais de uma criança mais velha que eu, bem como passar adiante as minhas roupas que não me serviam mais. Utilizar bijuteria feita de sementes, escamas de peixe, etc... também faziam parte dessa realidade. Mas antes era a necessidade que fazia isso... me criei economizando... Hj em dia isso, em alguns lugares esses artigos são até mais caros que os ‘100% novos’, os de loja.... pq hj se vende isso em loja.
Ecomoda é aplicar os conceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável à moda. Fazer moda da forma menos agressiva possível. Só esqueceram que tem que ser economicamente viável...Como a Raquel mencionou, muitas coisas são para as camadas mais ricas da população.
Ah, também creio que, como há uma tentativa de reverter os danos causados ao meio ambiente e evitar ‘o fim do mundo’ essa ecomoda deve durar. E a moda ‘normal’ também não vai deixar de existir. O que pode ser que aconteça é que, como tudo que começa a ser produzido em larga escala, haja uma redução no custo de produção e, consequentemente, o preço pode baixar e ser mais acessível a todos.

Ana Paula - segunda, 14 maio 2012
 
Boa Noite Povo,
Achei esse site que a Anelise postou muito interessante! A matéria sobre Ecomoda informa que esse novo mercado movimentou R$ 400 milhões somente no Brasil, no ano de 2008. Ainda, diz que o estudioso italiano Carlo Vezzoli (do Instituto Politécnico de Milão) desenvolve atividades didáticas e de pesquisa, com o objetivo de encontrar métodos, estratégias e instrumentos para o desenvolvimento sustentável na moda. Entre as propostas estudadas por Vezzoli, estão aquelas que pretendem tornar o ciclo de vida dos produtos do vestuário mais longos, sugerindo que o consumidor compartilhe suas roupas e escolha peças com as quais se identifiquem mais e que tenham maior durabilidade. No Instituto Europeu de Design (IED), em Milão, estudantes desenvolveram projetos que transformam meias de nylon e solas de sapatos em vestidos.
Aqui no Brasil, encontrei uma matéria sobre o estilista Caio Von Vogt criou o "ecovogt", um tecido 100% ecológico criado a partir de uma fibra de origem vegetal (plantas aquáticas). O tecido foi desenvolvido por meio da experiência da população de regiões ribeirinhas da Amazônia, que herdou de tribos indígenas as técnicas de tranças fibras. O ecovogt demora dois anos para se decompor depois que o consumidor pára de utilizar o produto, enquanto que o algodão leva dez anos e o poliéster pode chegar a cem anos (http://pib.socioambiental.org/pt/noticias?id=33622). Para quem se interessar um pouco mais, tem um vídeo explicando a origem do tecido (http://www.youtube.com/watch?v=y1V3U2Qb530).
E existem uma série de ideias sobre produtos que foram reprojetados ou reaproveitados para ampliar seu ciclo de vida, reduzindo seus impactos ambientais. No site Ecodesenvolvimento, são apresentados mais de 100 notícias sobre tais produtos. Abaixo, listo alguns:
- A artista norte-americana Margaux Lange criou uma coleção de joias que reutiliza peças da boneca Barbie. A coleção "Série Corpo Plástico" é composta por colares, broches, brincos e anéis (http://www.ecodesenvolvimento.org.br/posts/2012/abril/margaux-lange-reutiliza-pecas-da-boneca-barbie).
- Um copo de café completamente reciclável, reutilizável, personalizável, durável e térmico - esse é o conceito do KeepCup. O produto é capaz de manter um líquido quente por pelo menos meia hora, resultado de um design leve, fácil de usar e utilizando pouca energia na fase de fabricação (http://www.ecodesenvolvimento.org.br/posts/2012/maio/keepcup-copo-de-cafe-reutilizavel-e-personalizado).
- E uma, que eu achei particularmente muito interessante, é o chamado chuveiro ecológico. Desenvolvido por brasileiros, o chuveiro usa gás para aquecimento e promete menor impacto nas fontes de água e energia, bem como menor impacto no bolso do consumidor Segundo os inventores, o produto gera uma economia de 1000% em energia em relação ao similar elétrico. Outra inovação do produto é a utilização de água na retirada da umidade do ar e a emissão quase nula de CO2 (http://www.ecodesenvolvimento.org.br/posts/2012/maio/casal-brasileiro-de-empreendedores-criam-chuveiro).

Ismael - segunda, 14 maio 2012
 
Seria possível estar na moda sem consumir tanto?
Não vejo relação direta, em alguns casos, na questão consumo como consequência da moda, haja vista que a moda é algo tão amplo e pode ser utilizada para várias situações, portanto, não é possível generalizar esta afirmação. Exemplo: a moda agora é receber as faturas via e-mail e não mais em papel pelo correio, em alguns casos com desconto de R$ 10,00 na fatura, esta moda, por exemplo, não aumentou o consumo de nada. Além disso, nos casos em que a moda aumenta o consumo, como acontece em uma série de situações, não colocaria indiscriminadamente nosso problema no consumo. DEIXA O POVO CONSUMIR!! Assim a EA terá mais alunos de MBA, os alunos de Marketing da EA vão ter emprego quando saírem da faculdade, o SEBRAE terá mais alunos de empreendedorismo querendo inovar, todos nós iremos comprar mais pasta de dente ultra-white para nossos dentes ficarem bonitinhos e nossa boca cheirosinha, enfim, não é bom tudo isso, é ótimo!!
A ecomoda seria coisa para um nicho de pessoas (os ecochatos, bicho grilo e gente estranha)?
Agora, sou completamente a favor da ecomoda, e com certeza, se formos pesquisar na história da Administração iremos encontrar algum conceito parecido que já foi utilizado em outro momento por esta ciência. Não é, portanto, em minha opinião, o conceito uma moda, pode ser o nome “ecomoda”, mas suas ideias são concretas e que perduram. E concordo com a Raquel, hoje esta preocupação é uma tendência atualíssima, de uma sociedade voltada para esta vertente. Bicho grilo só os que têm lá no matagal perto de casa em Teutônia.
Como estes conceitos podem contribuir na conscientização dos cidadãos?
Para fechar, em minha opinião, o foco da ecomoda deve ser na matriz produtiva: com novos processos, matérias-primas mais “inteligentes”, ecodesign, zero waste, etc. A conscientização da população deve reforçar e instigar esta matriz produtiva e estar continuamente na vanguarda, com mais inovações e mais produtos desta concepção, enquanto isso, DEIXA O POVO CONSUMIR. O dever de pesquisar é nosso, universitários, o dever de inovar é das empresas em conjunto com o meio acadêmico e governo. O papel da sociedade é incentivar melhorias nesse sentido.

Uiara - segunda, 14 maio 2012
 
Sobre a ACV:
A ACV precisa ser informada aos cidadãos e também essa informação precisa ser divulgada nas indústrias.
Fiz um trabalho na indústria química na minha dissertação. Lembro de ver na indústria investimentos na melhoria dos seus produtos em relação à redução de emissão de CO2. A relação de emissão na cadeia era de 2:1. Ou seja, para cada tonelada de CO2 que a indústria química deixava de emitir, as demais indústrias (na manipulação dos produtos químicos) deixavam de emitir 2 toneladas. E essa relação está para aumentar. Nesse caso, é importantíssimo saber informações sobre todos os insumos que utiliza. Mas esse exemplo é só sobre o CO2.

Uiara - segunda, 14 maio 2012
 
Respondendo a pergunta da Raquel:
- Há realmente uma preocupação com o ecodesign e ecomoda ou é só mais um segmento rentável de negócio inovador, que irá perder fôlego com o tempo?
Eu estava lendo sobre a crise do capitalismo essa semana e essa questão veio bem no sentido do que os textos estavam me levando. A tendência de estagnação do sistema tem requerido que novos negócios sejam desenvolvidos, nesse sentido, creio que além de tudo, seja uma excelente forma de desenvolver novos mercados. Então é um segmento que pode gerar bastante lucro e que pelo menos por um bom tempo deve durar.
Além disso, vcs já perceberam todo mercado em torno desses temas?? Temos até cursos de formação específica nas áreas de ecomoda e ecodesign. Imagina se a moda passa? Como ficariam esses profissionais? Então reforço a opinião de que é uma moda que veio pra ficar.

Minelle - terça, 15 maio 2012
 
A ecomoda e o ecodeseign caminham alinhadas no sentido de trazer uma nova perspectiva para o contexto de consumo. Deve-se considerar que seu surgimento, apesar de ser indicado com a preocupação sobre os impactos relacionados ao meio ambiente, pode ter sido desenvolvido apenas como uma estratégia de negócio que como a Uiara comentou em outro post pode ser utilizada como negócio inovador, diferenciado no mercado. Certo até um questionamento normal, mas considerando o contexto ao qual estamos inseridos e que está havendo um balanço nas estruturas do capitalismo (estou lendo o mesmo que Uiara, hehehe) acredito que respondendo as inquietações da Raquel e do Alan essa área apresenta-se como praticamente "estabilizada", já que a cada nova mudança contextual as preocupações com o ambiente e com os impactos vão apenas ampliando.
Essas discussões nos remetem a ideia de obsolescência planejada, de produção mais limpa, de gestão da cadeia de suprimentos, o que ratifica mais uma vez a estabilização que comentei, tudo está cada vez mais relacionado, e aos poucos as mudanças vão sendo verificadas. Pois bem, com relação ao ecodesign de acordo com o capítulo de Nascimento e Venzke (2006) o mesmo deve ser considerado de acordo com um conjunto de atividades sequenciadas: pré-produção, produção, distribuição, uso, descarte, ... Considerando essa ideia, a necessidade de mudança em diversas áreas é necessário, áreas que vão desde a produção (por exemplo, de algodão colorido para o não tingimento dos tecidos) até mesmo a reutilização de materiais recicláveis, considerando a possibilidade de surgimento de novas possibilidades econômicas.
O que se deve observar é que nem sempre as intenções são positivas, nem sempre há preocupação ambiental, são reduzidas as indústrias que trabalham com essa visão de impacto sobre o ciclo de vida de produto. Muita coisa tem que mudar, mas que a ecomoda e o ecodesign não são passageiros, nem mesmo resultado de influência dos chatos de plantão, isso é possível de ser considerado.
Até,

Valeria - terça, 15 maio 2012
 
Oi pessoal, bom dia!!
Olha aí como nossos temas de estudos de aula são atuais e inovadores. Trago mais dois casos de empreendimentos que pegaram carona na ecomoda e no ecodesign. Um deles é a Ciclo Ambiental, que faz roupas a partir de garrafas PET recicladas misturadas ao algodão: http://agenciasebrae.com.br/noticia/13476660/desenvolvimento-sustentavel/roupa-ecologica-faz-moda-sustentavel/
Outro, é o caso das biojóias da empresa Jóias do Pantanal, que usa o chifre de boi lapidado (que não passa por nenhum processo químico): http://agenciasebrae.com.br/noticia/13466695/desenvolvimento-sustentavel/biojoias-levam-beleza-do-pantanal-para-o-exterior/?indice=0
Lembrei agora de um projeto que coordenei durante quase 3 anos e que foi um dos meus "xodós": o Artesanato do Mar de Dentro. É um projeto de conciliação entre artesanato e conscientização ambiental. Os produtos são belíssimos, com um design super inovador e com bastante aceitação de mercado. Divide-se em 3 grupos e foi implantado na macrorregião de Pelotas: Bichos do Mar de Dentro (esse, particularmente, tem excelentes resultados. Foi feito, inclusive, um livro infantil contando uma história de duas crianças que foram à região do Mar de Dentro (na Costa Doce, nos arredores da Lagoa dos Patos) e que encontraram caçadores que estavam destruindo a fauna... então, mostra todos os bichos da fauna da região, com indicativos do grau de extinção. O livro acompanha um cd que conta a história para quem não pode ler, e os sons dos animais foram feitas pelos próprios artesãos, por meio de uma oficina de musicalização), Ladrilã (que aproveita a lã de ovelhas (óbvio, né?!) e tem um design belíssimo, dá vontade de comprar tudo!) e o grupo Redeiras (formado pelas esposas de pescadores que faz biojóias de escamas de peixe e prata e que faz acessórios femininos a partir de redes de pesca que não têm mais uso. Eu mesma tenho uma bolsa, vou ver se levo na próxima aula). Posso dar mais detalhes em sala de aula, porque esse projeto acompanhei bem de perto. Fizemos várias oficinas de design e trabalhamos bem próximo às artesãs e artesãos para fazer produtos diferenciados e de bom gosto. Para quem tiver curiosidade, vale a pena dar uma olhada nos links: http://www.bichosmardedentro.com.br/, http://www.ladrila.com.br/, http://www.redeiras.com.br/
Abraços,

Rafael - terça, 15 maio 2012
 
Há realmente uma preocupação com o ecodesign e ecomoda ou é só mais um segmento rentável de negócio inovador, que irá perder fôlego com o tempo?
Oi Pessoal essa é uma questão difícil de responder, não gosto de ser tão pontual mas acredito que as empresas (de forma) geral apoiam a ecomoda/ecodesing apenas quando entendem que este é um segmento rentável.
Não quero aqui dizer que as empresas não se importam com o meio ambiente, mas ainda parece-me que esta questão é secundária... então cunho financeiro é essencial.
Existe sim a preocupação com ecodesing,no entanto acredito que ecodesing/economoda será praticado enquanto apresentar "vantagens ecofinanceiras". O que vocês acham?
Ainda sobre o assunto achei um site interessante sobre ecomoda da UDESC  http://www.ecomoda.ceart.udesc.br/
Um abraço,

SABRINA - terça, 15 maio 2012
 
Encontrei!! No finalzinho do email falava o contato da Braskem... Pq no início da pesquisa só falava em BASF... Jurei que as gurias tinham pirado! Mas ok, vamos lá:
Achei bem interessante o estudo, pois eu sempre ficava me perguntando: de que adianta eu usar sacola retornável e ter que comprar sacos de lixo de plastico pra colocar meu lixo?! As minhas sacolinhas todas são reutilizadas como saco de lixo (ou pra levar os tenis pra academia hehe), então acho que se elas forem usadas corretamente, sem serem desperdiçadas elas não são tão vilãs assim!
Mas também concordo com as gurias, que o fato da pesquisa ter sido encomendada por uma empresa interessada no uso de sacolas, pode, sim gerar um viés na pesquisa.

SABRINA - terça, 15 maio 2012
 
Gente, recebi um email com propaganda do novo Ipad e resolvi olhar.. Então encontrei uma parte no site que fala da preocupação ambiental da Apple, que tem relação com Ecodesign e também com as demais matérias que já estudamos! Achei bem interessante os relatórios feitos por eles. (ok, eu sou uma applemaníaca, mas tentei ser um pouco imparcial).
Segue o Link http://www.apple.com/br/environment/

Ismael - terça, 15 maio 2012
 
Com certeza Rafael, a motivação das empresas sempre vai ser buscando algum retorno, seja financeiro, seja de imagem, etc. Portanto, é hipocrisia achar que as empresas vão se engajar sem que vislumbrem nenhuma "vantagem ecofinanceiras". Bom, mas isso é certo? Até é, o objetivo delas é se manterem rentáveis senão irão fechar as portas, e a responsabilidade principal delas para com a sociedade é gerar emprego para as pessoas. Se fizerem tudo isso aliado à preocupação ambiental, excelente. 
Mas, a ecomoda e o ecodesign trazem muitos benefícios para as empresas. O que falta é mais incentivo e conhecimento por parte delas desses benefícios e das alternativas de ecomoda. 

Patrícia - terça, 15 maio 2012
 
Todo questionamento acerca de motivação, consciência, capital me fez lembrar de um blog chamado "Testando os limites da sustentabilidade". A partir das informações de relatórios e balanços de empresas, o cara do blog faz diversos questionamentos e envia para as empresas, que por incrível que pareça na grande parte das vezes responde! É interessante olhar, e no arquivo do blog tem as empresas questionadas com as respostas - do lado direito, bem em baixo, em ordem alfabética - tem empresas como a Natura, que até foi elogiada pelo editor do blog, mas tem algumas que enviam respostas prolixas, quem se interessar:
http://testandooslimitesdasustentabilidade.blogspot.com.br/

Fernando - quarta, 16 maio 2012
 
Para contribuir com o debate:
http://vilamulher.terra.com.br/eco-moda-une-o-moderno-e-o-sustentavel-14-1-32-781.html

Valeria - quarta, 16 maio 2012
 
Contribuindo com o debate e percebendo como as coisas (quase) sempre dependem do ponto de vista com que são observadas/experimentadas (no sentido de nos proporcionarem algum tipo de experiência sensorial), temos os prédios (lindos, diga-se de passagem!) envidraçados, cada vez com um design mais moderno e arrojado... o próprio capítulo sobre Ecodesign feito pelo Felipe e pelo Senna comenta sobre isso no trecho: "Um exemplo disto (a excessiva preocupação com os aspectos de forma, estilo e praticidade como dificultadores da obtenção de uma melhor ecoeficiência dos produtos, processos e serviços) são as empresas do setor da construção civil, que por muitos anos desenvolveram projetos e construíram prédios envidraçados num país tropical, onde a preocupação básica era a apresentação de uma bela fachada. Em conseqüência disto, estes prédios consomem grandes quantidades de energia para oferecer um conforto térmico razoável aos seus ocupantes, o que poderia ser obtido mais facilmente com outro tipo fachada."
Pois bem, em Brasília temos diversos prédios assim, todos imponentes, lindos, majestosos, mas todos causam um grande problema ambiental: a morte de centenas de pássaros de todas as espécies diariamente. Em Brasília, temos prédios baixos (o plano-diretor determina que não haja prédios residenciais com mais de 3 andares no Plano Piloto) e uma amplitude imensa de céu azul que, refletida nesses prédios, desorienta os pássaros. Eles simplesmente se chocam com toda a velocidade nos vidross que refletem o céu, acreditando que fazem parte do seu espaço de vôo. São centenas de pássaros mortos recolhidos todos os dias nas redondezas dos prédios espelhados da nossa bela capital. Em Brasília temos diversas espécies, como harpias, araras vermelhas, caturritas... todas ao ar livre, fazendo parte das espécies do cerrado. A construção de prédios espelhados é um crime ambiental e um problema gravíssimo no Distrito Federal. Isso, claro, sem contar as questões como o maior consumo de energia necessária para refrigerar o ambiente interno, que se torna um "forno".
Abraço,

Alan - quarta, 16 maio 2012
 
Bah Patrícia, que legal esse blog!
Lerei um pouco por vez!
abs..

Ana Paula - quarta, 16 maio 2012
 
Acredito que o fator econômico é um grande motivador para que as empresas repensem o design de seus produtos. Encontrei uma matéria que saiu em 2009 no Estadão (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ecodesign-reduz-custos-e-cresce-nas-empresas,366064,0.htm) que afirma que o redesenho de embalagens pode reduzir os custos da empresa e trazer benefícios ambientais. De acordo com a prof. Cyntia Malagutti, o ecodesign é uma ferramenta que auxilia a reduzir o uso de matéria-prima, a partir do redesenho dos produtos, o que resulta em redução de custos com materiais e logística. Um exemplo disso é a Danone, que introduziu no Brasil uma tecnologia de produção de embalagens 19% mais leves, conhecido como sistema "foam" - o ar é injetado na produção de chapas plásticas. Mais leves, as embalagens reduzem os custos da empresa. Ainda, a matéria diz que a Central de Abastecimento de Porto Alegre em parceria com a Braskem, desenvolveu uma caixa reutilizáel de plástico para reduzir o desperdício de madeira (usadas para acondicionar hortifrútis). A vida útil da embalagem retornável é de cinco a dez anos. Talvez com o incentivo financeiro e o exemplo de outras empresas possam ajudar a consolidar o conceito de ecodesign no mercado organizacional.

Ana Paula - quarta, 16 maio 2012
 
Povo,
Encontrei um artigo que fala sobre um caso de aplicação do ecodesign em manufatura calçadista. O artigo analisa as práticas de ecodesign inseridas no projeto de produto de uma empresa e o modo como estas práticas foram operacionalizadas. O objetivo é descrever um caso de reprojeto de um produto existente (contraforte injetado), minimizando o impacto ambiental e reduzindo o custo do produto final (o calçado esportivo). Achei muito interessante o quadro na página 5, que sintetiza as variáveis de pesquisa com as principais referências: ganhos decorrentes da implantação do ecodesign, práticas e diretrizes para o ecodesign, forma de operacionalização, fatores que influenciam a implantação (também tem um quadro na página 3 que aponta as práticas de ecodesign).
De acordo com o artigo (p.10), verifica-se que o reprojeto do contraforte gerou ganhos ecológicos e econômicos decorrentes da implantação de práticas do ecodesign. Quanto aos ecológicos, citam-se: eliminação do uso de solventes e adesivos, redução do consumo de energia elétrica, diminuição do espaço físico para a produção, substituição dos materiais reduzindo a quantidade de matéria fóssil. Quanto aos econômicos, observa-se uma redução de 10% no custo-alvo do processo de aplicação do contraforte. 
A forma de operacionalização consistiu na troca de experiências com empresas e universidades da região na inclusão das práticas do ecodesign na fase de análise crítica de projeto. Em relação aos fatores referentes ao produto, o potencial de reprojeto ou de novo desenvolvimento é avaliado na fase de planejamento do produto.
Além disso, no final do artigo, os autores indicam algumas sugestões para futuras pesquisas (fica a dica, Camila heheh).
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/prod/v20n3/aop_200902036.pdf (realizado por pesquisadores da Unisinos).

Alan - quinta, 17 maio 2012
 
Olá...
Olhem que interessante essa proposta do Wallmart/HP. Eles substituíram a caixa dos notebooks, por bolsas/pastas que já servem para carregar os notes normalmente. A notícia é de 2009 e infelizmente não foi disponibilizado no Brasil, somente nos EUA.
http://www.ecodesenvolvimento.org.br/ecomanagement/hp-substitui-embalagens-por-bolsa-e-reduz-97-do
Esse é um caso interessante de ecodesign e principalmente de projetar um produto (no caso a bolsa) para um segundo uso (no caso de separar o transporte até a loja - que seria feito por caixa - e o transporte pelo usuário - que seria em outra bolsa).
Outro produto da HP:
http://www.ecodesenvolvimento.org.br/posts/2012/marco/hp-lanca-desktop-de-facil-atualizacao-e-conserto
abs..

Gabriele - quinta, 17 maio 2012
 
Concordo com o Rafael quando ele diz que apesar de tudo tem que ser um negócio rentável. Mas, acredito que a situação do planeta seja alarmante, logo, acredito que essa é uma moda que veio pra ficar, até a situação melhorar, o que particularmente, acho que vai demora um pouquinho.....
Achei muito legal os exemplos que os colegas trouxeram, especialmente o de utilização de lona de caminhão, garrafa pet, pneu usado para fazer bolsas, roupas e calçados, o da utilização de plantas aquáticas para fabricação de tecido 100% ecológico, o projeto da Laguna dos Patos! É realmente interessante como encontramos soluções criativas, pena que a criatividade não é usada para prevenção..... e concordo com a Uiara quando ela fala que a escassez faz a ecomoda. Sempre lembro da minha mãe, aproveitando tudo, e digo pra ela, nossa mãe como tu é ecológica eheheheh, mas infelizmente os motivos não são sempre esses......
Encontrei um projeto de uma casa ecológica, feita por um biólogo! Não podia deixar de postar heheheheh lá em Volta Redonda, RJ.
http://re-cicle.blogspot.com.br/2009/11/transformando-o-lixo-em-casa.html
 “As telhas são de caixas de leite ou resíduos de café; os pisos de resíduos de marmoraria; as portas e janelas de tábuas de obras, pintadas em “pátina”; as cortinas de embalagens de café; e as paredes de garrafas, papel e até esterco. Garrafas de vidro, ‘pet’, caixas de leite e até entulhos fazem parte da estrutura de mais de 400 metros quadrados”.
A casa custou apenas R$ 68.000, 25% do que teria custado se os materiais fossem convencionais. Por exemplo, ele utilizou 24 toneladas de garrafas de vidro para revestir as paredes, que custaram apenas 340 reais.
Além disso, a casa tem outros benefícios, como tratamento do esgoto in loco, reaproveitamento de água, composteira.....
Essa moda acho que está mais devagar, mas a hora que pegar...vai ser bastante interessante! 
té daqui a pouco...

Uiara - quinta, 17 maio 2012
 
Pessoal,
Achei um artigo que traz um modelo chamado Teia das Estratégias do Ecodesign, do 3ES.
Sobre moda, achei dois eventos brasileiros para o tema, onde estilistas apresentam suas coleções:
http://paratyecofashion.com.br/evento/
http://www.ecofashionbrasil.com/ 
Abraço

Camila - quinta, 17 maio 2012
 
Bom dia galerinha,
Infelizmente, não pude postar antes, mesmo sendo “meu” tema... mas vou postar agora de qualquer jeito, que ai podemos continuar a discussão na primeira parte da aula.
Vamos lá... primeiro sobre o material comparativo dos tipos de sacola... achei muito interessante! Já havia visto algumas discussões sobre o fato das tais “ecobags” de tecido serem de fato mais ecofriendly do que as sacolinhas plásticas. E de fato, o comparativo mostrou que dependendo do objetivo que se tem, uma ou outra pode ser mais ecoeficiente. Ok que temos que considerar o viés da pesquisa, como as meninas já falaram no início da discussão... mas mesmo assim, acho que não invalida. 
Ai entro já na questão da matriz de ecoeficiência, que permite comparar produtos ou serviços... não conhecia, e achei sensacional, porque muitas vezes fiquei pensando até nessa questão da sacola “mas e como então e posso analisar e verificar qual é de fato mais ou menos sustentável?. Esse modelo é realmente interessante, até porque, se for necessário, entendo que podemos acrescentar outros critérios de análise dentro do círculo. É uma boa até para as empresas adotarem esse tipo de medida para analisarem seus produtos.
Entrando na questão da moda…. tenho uma visão muito particular sobre o assunto. É claro que temos as tendências, o fast fashion, e que tudo isso ainda predomina no mercado hoje. Mas, a moda na verdade reflete a sociedade. E o que vemos brotar hoje é a preocupação com as questões ambientais. Não acho que a ecomoda seja mais uma moda, mas sim uma tendência que veio para ficar. É claro, não estou dizendo que todas as empresas vão passar a ser 100% sustentáveis (até porque isso é muito difícil), e nem que as pessoas vão deixar de consumir fast fashionou deixar de comprar em uma empresa sem certificação ambiental. Mas acredito que estamos em um momento de transição… aos poucos essa consciência será incorporada pelos consumidores, e as empresas vão precisar se adaptar a fim de atender essas exigências.
Já existem cursos voltados para o eco design, para a moda sustentável… não acho que seja algo passageiro, porque a preocupação ambiental de forma geral não é. E assim como todos os outros segmentos, o design e a moda também vão ter que se adequar.
Além disso, não existe mais a “ditadura da moda”, como já foi ha algum tempo atrás… o que é bonito e valorizado hoje é as pessoas conseguirem demonstrar sua personalidade através das roupas. Claro, existem as tendências, mas elas estão ai para nos servir, e não o contrario. Só porque calça vermelha estava em alta inverno passado que eu vou deixar de usar a que eu tenho esse ano? Claro que não! Mas ai vai do bom senso de cada um.
E também quando falamos da qualidade das roupas ser baixa, e do fato de durarem menos de uma estação, estamos falando do fast fashion, que são as Renner, C&A, Zara e Riachuelo da vida… que o objeto delas é sim do da moda rápida (dai o termo fast fashion). O propósito dessas lojas não é vender roupa de qualidade, mas sim a ultima tendência de moda adaptada ao consumo do mercado local. Entretanto, não existe somente o fast fashion... há também o que chamamos de prêt-à-porter, ou ready to wear. Temos muitas marcas que vendem roupas de qualidade (e mais caras, é claro), e que duram alguns bons anos.
O comportamento de consumo vem mudando... por exemplo, as peles… há algum tempo atrás, ter um casaco de pele “de verdade” não era visto como algo ruim, muito pelo contrário. Hoje em dia, porém, é algo completamente abominável. Até grandes marcas, como Chanel, já estão fazendo suas coleções de prêt-à-porter com pele sintética. No desfile de outono/inverno da Chanel 2010-11, a passarela era feita de blocos de gelo que iam derretendo, e as modelos desfilavam nesse espaço, com os pés molhados mesmo... a ideia era trazer a tona a preocupação com o aquecimento global e suas consequências para o planeta. Claro, ai tenho a minha crítica: por mais que esse tipo de atitude sirva para difundir entre as pessoas essas preocupações, levar um pedaço de gelo até o local do desfile não é nada sustentável. Mas enfim, isso ai é outra discussão. Segue um link com um pedacinho do desfile pra quem quiser ver:
http://www.youtube.com/watch?v=cQ1O4KyB1FE
Ainda sobre comportamento de consumo, e o que fazer com as roupas que não usamos mais, já existem várias alternativas propostas por pessoas “comuns”. Por exemplo, conheço uma estilista que trabalha só com moda sustentável e o reaproveitamento de peças que a pessoa não usa mais por um motivo ou outro… existem também os bazares de troca de roupas… a pessoa leva um peça que não usa mais, e troca por outra que está na arara. Assim, se reaproveita tudo. Ou, por exemplo, uma empresa que surgiu a partir da ideia de trocar roupas entre as amigas… são alugueis de vestido de festa, fornecidos por uma rede de amigas (que cada vez aumenta mais). Como esse tipo de roupa requer um investimento maior, e acaba sendo usada muito menos vezes do que uma calça jeans, por exemplo, o valor acaba se pagando através de um aluguel simbólico, e a peça não fica parada dentro do armário. Abaixo, um link com três exemplos legais de utilização consciente de materiais na fabricação de produtos: http://sersustentavelcomestilo.com.br/2011/04/18/nos-do-sse-acreditamos-em-solucoes/
Vou postar aqui um pedacinho da minha monografia, que acho que entra bem nessa discussão:
Vive-se hoje o que é chamado de “supermercado de estilos”, que segundo Polhemus (1997), é como se todos os períodos da moda estivessem disponíveis em uma prateleira de supermercado, sendo possível migrar de um ao outro, e inclusive misturá-los, a qualquer momento. Hoje, é muito difícil definir um único estilo. Eles se transmutam, são muitos, e complexos. Uma mesma pessoa pode sair à La anos 50 num dia, mais grunge em outro, e assim por diante. A roupa como reflexo da personalidade não mais consegue transmitir uma mensagem única. Cada um é muito complexo e completo para ter só um estilo. E a moda mais acessível, em todos os sentidos, permite que isso aconteça.
Portanto, mais uma vez pode-se afirmar que a alta-costura perdeu o posto de setor mais importante da moda, mas continua como um importante braço dessa indústria, pois ainda há um mercado limitado para esse segmento. Ao mesmo tempo em que a ostentação do luxo não é mais bem vista, e que o que realmente importa são o conforto e qualidade dos produtos, vive-se na era do hiperconsumo.
A era do hiperconsumo caracteriza-se por uma mudança na forma de consumir. Antes, os bens adquiridos eram parte de um todo familiar, ao contrário do que acontece hoje, onde cada pessoa compra o seu aparelho celular, o seu carro, o seu ipod. Os bens adquiridos são exclusivamente pessoais, e as pessoas passam a gerir seu tempo como for mais conveniente, sem a preocupação de dividir com os outros.
Além disso, na sociedade hiperconsumista, antigos valores e noções que diferenciavam as classes já não existem mais. O novo consumidor se permite comprar desde artigos low cost até desejar mercadorias de luxo, independentemente de classe ou poder aquisitivo. A libertação dos valores de diferenciação de classe permite que a diversidade de gostos e práticas semelhantes crie novos grupos de interesses comuns. Conforme Lipovetsky (2011) afirma:
“As atividades e paixões transcendem as diferenças sociais, criam “tribos” transversais e diversificadas. As publicações, a publicidade, as ofertas comerciais ecoam isso, visando alvos a uma só vez ampliados a todo corpo social e segmentados em função de sua inclusão neste ou naquele universo de consumo. O comprador de novo estilo deixou de ser compartimentado e previsível: tornou-se errático, nômade, volátil, imprevisível, fragmentado, desregulado. Porque liberto dos controles coletivos à antiga, o hiperconsumidor é um sujeito zapeador e descoordenado.” (LIPOVETSKY, 2011, p.57)
Pode-se dizer que a sociedade de hoje é pautada por valores e ideais que muitas vezes podem parecer contraditórios. A esfera mercantil vem se dilatando cada dia mais, e as pessoas consomem todo tipo de produto ou serviço a todo momento. As opções são infinitas e onipresentes, e até o menor aspecto da vida de cada um está associado ao mercado. Ao mesmo tempo em que se busca uma individualidade e liberdade no âmbito da vida pessoal, as crescentes necessidades e desejos de consumo impõem uma relação de dependência com ofertas do mercado.
Isso gera uma característica bastante presente na sociedade atual, que é o consumo desenfreado. Há um anseio por satisfazer as vontades pessoais no momento em que elas surgem. Por tudo isso, o hiperconsumidor é caracterizado pelo individualismo, hedonismo e junto a isso, dependência (LIPOVETSKY, 2011).
Outro fator importante que se estabelece nos dias atuais é a noção de pluralismo. A busca pela individualidade, consequentemente, abre espaço para gostos, estilos, preferências e escolhas diversificadas, e isso garante a noção de pluralismo, onde tudo é respeitado, seja na moda ou em outros aspectos da sociedade. Vive-se na era da liberdade: liberdade de expressão individual do ser como elemento principal de um mundo com culturas tão ecléticas, que vem sofrendo mudanças de forma incessante e veloz.
Essa sociedade preenchida por mudanças, dinamismo e contradições pode ser explicada através de uma expressão conhecida por “tesarac”. A principal ideia é a do sentido de transformação brusca. Ou seja, o tesarac resume o momento em que a sociedade se encontra: sabe-se que o “mundo antigo” já passou, e valores e ideais antes aceitos tornaram-se obsoletos. Entretanto, o “mundo novo” ainda não existe. Pode-se dizer que “em algumas décadas, a sociedade se reorganizará. Haverá novas instituições, novas ideias políticas, outra estrutura social”. É um período de transição, onde o que passou não é mais válido, mas o que virá ainda não está completamente estruturado.
Por isso mesmo, já é possível notar alguns movimentos que se opõem às características da sociedade atual tratadas anteriormente. Aos poucos, percebe-se que as pessoas começam a ensaiar mudanças na percepção dos valores individualistas. O ser como parte principal de um sistema permanece, mas já existe uma noção de coletividade. Não só o indivíduo é importante, mas a comunidade e o espaço que o cerca também são.
Há uma consciência coletiva que vem sendo trabalhada e exercitada por cada um, e um exemplo disso é a questão ambiental e a sustentabilidade, que passou a ser pauta recorrente nas discussões internacionais. Na medida em que o assunto é divulgado e questionado, as pessoas começam a se acostumar com a ideia de que precisam praticar a sustentabilidade, começando dentro de casa, seja separando o lixo, ou economizando em água e luz.
Isso tudo é uma questão de reeducação da sociedade, um processo lento e gradual que leva tempo. Por isso fala-se que essa é a era do tesarac. E assim como as pessoas começam a mudar, as marcas e empresas aos poucos vão precisar se adaptar, pois essas mesmas pessoas são os consumidores atuais, e, a longo prazo, esses novos valores já estarão internalizados.
Portanto, diz-se que o mundo está mudando, e junto à isso, a moda também se reinventa, já que ela pode ser considerada o reflexo de uma sociedade e do momento em que se encontra. O consumo desenfreado coexiste com a ideia de sustentabilidade. O período em que se vive é, então, contraditório, com valores e ideais ainda nebulosos, e isso tudo não deixa de ser uma revolução.

Ainda sobre a questão da mudança de valores e paradigmas que vivemos, segue o link de uma pesquisa realizada pela box1824, chamada “O Sonho Brasileiro”. É muito interessante, vale a pena dar uma olhada. http://pesquisa.osonhobrasileiro.com.br/indexn.php(na parte superior da página tem o link para download... não consegui anexar porque tem 93MB quase).
Em anexo também 2 páginas do relatório de sustentabilidade da H&M.... é interessante porque explica o que são os materiais orgânicos e reciclados utilizados por eles.
Para finalizar, acho que é o que a Ana já postou antes... as empresas vão começar a “utilizar” o ecodesign na medida em que se derem conta de que, por exemplo, o redesenho das embalagens pode reduzir custos e ainda trazer benefícios ambientais. Mais uma vez, o bolso é o que acaba falando mais alto... o que, a meu ver, não é um problema, se no final o resultado for a melhor utilização dos recursos naturais e menor impacto ambiental.
Ufa, é isso! Desculpem postar isso tudo de uma vez só.
Continuamos na aula.

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