quinta-feira, 12 de julho de 2012

Educação para Sustentabilidade


LUIS FELIPE MACHADO DO NASCIMENTO - domingo, 17 junho 2012, 01:37
 
Olá Pessoal, 
Postei dois artigos no Forum. 
Gostaria que voces lessem os artigos (listados abaixo) da edição especial do Journal "Learning & Education" (Volume 10, Number 1 - March 2011), que é uma revista da Academy of Management (http://aom.pace.edu/amle/v10n1.html ). São seis artigos.
Boas leituras.
Felipe

Calibrating MBA Job Preferences for the 21st Century 9 
David B. Montgomery and Catherine A. Ramus

How Can a Bourdieusian Perspective Aid Analysis of MBA Education? 27
Eero Vaara and Eric Fay
 
Scholarchip That Matters: Academis-Practitioner Engagement in Business and Management 40
Tim Hughes, David Bence, Louise Grisoni, Nicholas O'Regan, and David Wornham
 
Sustainable Development through Service Learning: A Pedadogical Framework and Case Example in a Third World Context 58
Holly H. Brower
 
The Relevant Past: Why the History of Management Should Be Critical for Our Future 77
Stephen Cimmungs and Todd Bridgman
 
The Role of Emotional Expression and Mentoring in Internship Learning 94
Yongmei Liu, Jun Xu, and Barton A. Weitz
 
Patrícia - domingo, 17 junho 2012
 
Pessoal, o trabalho do Farley tem algo de Morin, não acham? Fui até procurar se tinha nas referências... Aquela figura The Social Constructionist Process for Experimental Learning me remeteu à complexidade, assim como o texto no item que fala da construção do conhecimento:
ii) Knowledge: is the process of constructing knowledge from the trial and experience, where the students get to know an object through its use and modification, including how the object is processed. In this phase, knowledge is constructed through the cognitive processes of assimilation, accommodation, and equilibrium (or adaptation), providing insights and understanding to the person and to the group; whereas understanding is to discover, or reconstruct by rediscovery, and these conditions must be observed and treated at the present if we want to reach in the near future a society who aims to educate people endowed with creativity and knowledge production, and not just repetition.
Vocês também acharam ou eu que estou moriniana demais? hehehe
Acho que vai ser bem legal a gente poder debater com o cara! 

Ana Paula - quarta, 20 junho 2012
 
Boa noite povo!!
Acredito que uma discussão interessante dentro do assunto educação para a sustentabilidade é a sua diferença em relação à educação ambiental – que sei que são coisas distintas. Contudo, penso que os conceitos podem não estar totalmente claros (pelo menos não para mim!). Dessa maneira, resolvi trazer este debate para o Fórum...
A Lei n. 9.795/99 institui a Política Nacional de Educação Ambiental e outras providências. De acordo com a referida lei, se entende por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Conforme Bernardes e Prieto (2010), a Educação Ambiental é vista e compreendida como um processo e não como um fim em si mesmo. Além disso, a legislação estabelece que a Educação Ambiental deva ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal e não-formal. Os autores afirmam que os instrumentos legais e os programas governamentais reforçam o caráter de interdisciplinaridade atribuído à Educação Ambiental, que deve perpassar os conteúdos de todas as demais disciplinas, desde a educação infantil até a pós-graduação. Entretanto, todos esses princípios, normas e diretrizes não têm sido suficientes para suplantar o debate sobre a criação de uma disciplina específica de Educação Ambiental na educação básica ou superior. Em seu trabalho, os autores alegam que a Educação Ambiental, pelos conteúdos e conhecimentos sobre meio ambiente, é classificada como interdisciplinar e deve ser ministrada através da transversalidade, perpassando as disciplinas curriculares. Nenhuma área consegue isoladamente, tratar todas as questões ambientais. A Educação Ambiental induz a um desenvolvimento de conhecimentos em diversas disciplinas científicas. Logo, caberá à comunidade escolar, inserir a temática ambiental no projeto político pedagógico da instituição e definir os projetos e ações que pretende realizar. Bernardes e Prieto (2010) concluem que, independente do nível de escolaridade ou de formação educacional (seja no ambiente escolar ou fora dele), a Educação Ambiental é componente essencial às transformações que devem ocorrer no modo de ensino (http://www.remea.furg.br/edicoes/vol24/art11v24.pdf).
Acredito que para muitos os conceitos podem se misturar e confundir. Entretanto o conceito de educação para a sustentabilidade ultrapassa o conceito de educação ambiental, ao evidenciar a necessidade da responsabilidade e ética social juntamente com a preocupação ambiental. De acordo com Freire (2007), a UNESCO, a ONU e os organismos mundiais apelam para a reorientação da educação em direção ao desenvolvimento sustentável, o que requer um novo modo de pensar. A educação para o desenvolvimento sustentável emerge como um conceito dinâmico que engloba uma nova perspectiva de educação, objetivando a integração de todas as pessoas de modo a levar a assumir a responsabilidade de criar um futuro sustentável. Dessa maneira, torna-se necessário educar para a sustentabilidade, contemplando assuntos para pensar sobre o futuro; criar comunidades sustentáveis; cuidar dos recursos naturais; projetar economia sustentável; compreender os impactos da globalização. A autora traz em seu artigo exemplos da educação para a sustentabilidade em Portugal. Além disso, salienta que os professores continuam lendo o currículo à luz das suas concepções de ensino; e não interpretam os documentos como algo inovador. É, portanto, preciso investir na formação de professores. A autora conclui que a educação para a sustentabilidade e a necessidade de se pensar de modo distinto requerem o empenhamento de todos aqueles que se preocupam com o futuro. As mudanças sociais são extremamente evidentes e exigem que se tomem medidas a nível do sistema educativo (http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/pea/v2n1/08.pdf).
Em seu trabalho, Barth e Rieckmann (2011) focam na educação superior para a sustentabilidade. De acordo com os autores, educação superior para a sustentabilidade objetiva o desenvolvimento da competência do estudante em tomar decisões orientadas para o futuro e para uma perspectiva global. A educação e o aprendizado são formas de se alcançar o desenvolvimento sustentável. Os autores apresentam o caso de um projeto entre uma universidade da Alemanha e uma universidade do Equador, para apresentar um projeto de capacitação de professores para trabalharem com sustentabilidade com seus alunos.
A partir do artigo de Barth e Rieckmann (2011), levanto algumas questões: A educação superior tem respondido ao desafio de criar profissionais responsáveis e sustentáveis? A sustentabilidade está suficientemente integrada às disciplinas dos currículos acadêmicos? E como estão o ensino médio e o ensino fundamental? Os professores de maneira geral estão preparados para integrar questões de sustentabilidade em suas disciplinas? Seria preciso atualizar a lei e instaurar a Política Nacional de Educação para a Sustentabilidade?

Raquel - quarta, 20 junho 2012
Olá pessoal,
Assim como a Patricia, também achei muito interessante o trabalho do Farley. Acho que o passo inicial sempre é a conscientização e educação, pois estas que realmente têm a capacidade de promover mudanças reais nas pessoas.
Como diz Farley: “[...] educação se destaca como o processo primário e agente de transformação que deverá proporcionar mudanças no comportamento humano e social, a fim de desenvolver um futuro sustentável em termos de integridade ambiental, social e econômica”.
O autor, embasado pela Teoria construtivista de Piaget traz cinco pilares para reflexão teórica e prática da sustentabilidade:
Consciência - Conhecimento – Atitude – Habilidade – Participação
Curiosa com o que a Patricia comentou sobre a relação com a complexidade e motivada pela disciplina que estou cursando na educação (Teoria e Prática do Ensino Superior), fui atrás das raízes da Teoria Construtivista e dos autores referenciados:
“Jean Piaget (1896-1980) criou o termo 'epistemologia genética', que compreende o estudo desenvolvimentalista da natureza do conhecimento, ao elaborar a sua teoria, buscou uma embriologia da inteligência que lançasse a luz sobre o problema da relação entre o sujeito agente ou pensante e os objetos do seu conhecimento. A busca, no campo do estudo do conhecimento, levou Piaget da Biologia à Psicologia, através do estudo da mente humana. Segundo Piaget, as estruturas mentais ou orgânicas que constituem a inteligência, não são inatas (como era defendido pelo maturacionismo) nem determinadas pelo meio (como era defendido pelo behaviorismo). Elas são o produto de uma construção devido as influências do meio e a capacidade do organismo de ser influenciado e de responder a essas influências. É através das ações do indivíduo, a partir de esquemas motores, que se dá a compensação a essas influências ou perturbações do meio, ou seja, a troca do organismo com o meio, graças a um processo de adaptação progressiva, no sentido de uma constante equilíbrio que permite a construção das estruturas específicas para o ato de conhecer.”
As autoras utilizadas por Farley utilizam como base a Teoria Construtivista de Piaget. A Coria-Sabine considera que a aprendizagem seria a responsável pelas mudanças que ocorrem com as pessoas, sua conduta social e valores. E Goulart trabalha com a Psicologia da Educação, um segmento de estudos e pesquisas que visa descrever os processos psicológicos presentes na educação.
Assim, a base para a educação para a sustentabilidade seria o aprendizado em construção, que promoveria a conscientização e mudança social.
Achei ótimo! Pena que é curtinho.
Por fim, achei alguns autores que relacionam a Teoria Construtivista com alguma coisa da Complexidade, mas não ficou muito claro. Acho que o construtivismo em relação à outras teorias se aproxima mais da complexidade, mas ainda é muito sequencial... (no próprio Farley os pilares são uma evolução pogressiva). Acho que o termo desenvolvimentista também não combina com complexidade.

Patrícia - quinta, 21 junho 2012
 
Raquel!
Muito legal você trazer essa base da Teoria Construtivista.
Sobre a relação com a complexidade, eu acabo de ler O Método 3, o conhecimento do conhecimento, que trata, justamente, da "construção" de conhecimento. Embora Morin considere (ao contrário de Piaget) que há algo de inato no conhecimento, ele valoriza, nesse livro, o papel da cultura para geração e desenvolvimento de conhecimento, dizendo inclusive que "... a cultura faz parte do cérebro tanto quanto o cérebro faz parte da cultura".
Realmente não fica muito clara a relação de construtivismo e complexidade, mas a que eu percebo é justamente pelo lado da influência do contexto sócio-cultural na aquisição de conhecimento. 

Patrícia - quinta, 21 junho 2012
 
Barth e Rieckmann (2011) trazem um estudo de caso que descreve uma experiência da Universidade Tecnica del Norte, no Equador, em que foi implementado um programa de desenvolvimento de pessoal focado em educação para o desenvolvimento sustentável. Os resultados são bastante interessantes, principalmente o fato de que a disseminação da ideia de sustentabilidade ocorreu de forma geral na universidade, não ficou restrita a intenção de utilizar em sala de aula, ou seja, houve realmente alguma mudança. Alguns dos pontos relevantes apontados pelos autores na discussão dos resultados foram a importância de ligar teoria e prática; a importância da interdisciplinaridade; a importância do aprendizado informal e o incentivo a liderança.
Não vou me estender na descrição do artigo para tentar responder as perguntinhas da Ana, imaginado que se refira ao contexto da nossa realidade no Brasil:
A educação superior tem respondido ao desafio de criar profissionais responsáveis e sustentáveis? A sustentabilidade está suficientemente integrada às disciplinas dos currículos acadêmicos?
Na minha opinião, não, principalmente porque esse "desafio" parece não ser prioridade, afinal, que cursos do ensino superior tem na grade curricular a educação para a sustentabilidade? E pelo que se vê isso não deve ser tão diferente mundo afora, quando tivemos no mês passado uma palestra com professores portugueses a Paola perguntou se existia uma disciplina de educação para a sustentabilidade por lá e pelas respostas vimos que não há.
E como estão o ensino médio e o ensino fundamental? Os professores de maneira geral estão preparados para integrar questões de sustentabilidade em suas disciplinas? 
Também acredito que não, até porque eles não foram preparados para isso, e nesse sentido, iniciativas como a descrita no artigo de Barth e Rickmann seriam interessantes de se aplicar por aqui.
Seria preciso atualizar a lei e instaurar a Política Nacional de Educação para a Sustentabilidade?
Seria uma maneira de pressionar as instituições de ensino no sentido de uma mudança. 
Encontrei um Blog que traz o trabalho de um grupo de estudantes de pedagogia avaliando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), interpretando que a educação ambiental estaria subentendida apesar de não expressa, mas não fala nada de educação para a sustentabilidade. Achei interessante esse blog, embora as postagens não sejam recentes, é interessante a reflexão que fazem sobre a lei ser de certa forma "preconceituosa": http://avmprojetointerdisciplinar2010-2.blogspot.com.br/

Uiara - quinta, 21 junho 2012
 
Pessoal,
Minhas migalhas de contribuição:
Pensando, lendo os artigos e vendo os exemplos e dimensões que orientam a educação para a sustentabilidade percebi que é um desafio e tanto.
Muito legal entender a diferença em educação ambiental e a educação para a sustentabilidade... Mas é chato ver que só existe uma Política Nacional de Educação Ambiental.... Sempre o pensamento é voltado “para as pererecas do banhado”..... Isso é frustrante... Acho que há uma confusão muito grande no que estão comunicando sobre sustentabilidade.... A Rio+20, pelo que vejo nos noticiários, é só meio ambiente.... Não se fala em social... um verdadeiro absurdo.
Dêem uma olhada no seguinte artigo sobre a educação em uma comunidade indígena.
Parece estranho propor a essas criaturinhas pensar em sustentabilidade se elas estão em condições precárias... Os professores pessimamente qualificados... Quem levará esse assunto às crianças e à comunidade?
Como ensinar a essas pessoas que elas precisam ter responsabilidade social sendo que o país as deixa à margem da sociedade? Posso parecer um pouco cética quanto a isso, mas sei que existe uma possibilidade... Que passa por uma reformulação total do nosso sistema educacional.
Lógico que isso não se refere às escolas de ensino fundamental e médio particulares, essas, pelo que parece, já têm investido de uma forma intensa nas crianças, nos diversos aspectos da educação... Mas parece ser mais educação ambiental... do que voltada para a sustentabilidade.... Melhor que nada...
Não precisamos ir muito longe para ver isso... vejam o resultado do concurso para professores do estado do RS que ocorreu esse ano
O concurso não conseguiu preencher metade das vagas abertas....
Sempre penso da hierarquia das necessidades de Maslow quando penso nesse assunto de educação pra Sustentabilidade.... Sei que é possível, em uma escola onde as crianças não têm o que comer, inserir um pouco de bases para que suas atitudes sejam mais ‘conscientes’. Mas com professores completamente desqualificados, não creio que o resultado seja tão favorável.
Sobre a educação superior... Eu já dei aula para faculdade e escola técnica, posso dizer que não tenho condições alinhar alguns conteúdos com a sustentabilidade. Como o prof Felipe comentou em aula: Por que Finanças não trabalham com sustentabilidade?
Vejo que nós (professores), de uma forma bem geral, não estamos preparados para isso.... Mesmo entendendo a importância do assunto.
Outra coisa, temos que considerar os pais também têm uma participação muito grande no processo de educação para a sustentabilidade, não acham? Agora... eu cresci vendo minha avó varrer a calçada com água.... em 1990 eu já questionava a ela se ela não pensava no meu futuro, que poderia não existir mais água para mim em uns 50 anos.... ela respondia que ela pagava a mesma quantidade de água todo mês, independente do que gastava e por isso ela iria SIM varrer a calçada com água.... a água não iria acabar...
Tenho certeza que vcs têm exemplos bem parecidos.....
Nós, geração dos anos 80 já crescemos ouvindo que a água iria acabar....mas para nós isso nunca foi assunto de dentro de casa nem das escolas. Alguns assimilaram isso de uma forma mais intensa.... outros não.
Mas é engraçado como a realidade econômica altera a noção de desperdício....quem teve menos fartura pode ter uma atitude de forma diferente frente ao mundo (pessoas e meio ambiente) .... Acho que no meu caso, a noção de desperdício foi passada pelos meus pais (na verdade acho que pela mãe...hehehe)...
Enfim, por enquanto é isso.... depois mais eu volto com mais alguma ideia...
Até

Ana Paula - quinta, 21 junho 2012
 
Oii povo!
Concordo com a Pati, também acredito que o artigo do prof. Farley pode nos remeter à lógica da complexidade. Compreendo o processo de aprendizagem do “novo acadêmico” como algo espiral, onde o aluno não volta para o ponto de onde partiu e, sim, se encontra em um novo ponto do caminho a ser percorrido. Não somente o processo de conhecimento, mas todas as etapas do aprendizado são complementares, concorrentes e antagônicas! Não existe hierarquia dentro do processo, o aluno deve ser capaz de passar por cada constructo do processo de aprendizagem para ser considerado capaz. A figura da página 03 ilustra, a meu ver, o processo de aprendizagem como um sistema – o todo maior/menor do que as partes, a parte maior/menor do que o todo, o todo maior/menor do que o todo, a parte maior/menor do que a parte. Além disso, penso que é possível relacionar com a questão da finalidade, onde existe o predomínio de um fim, e com a questão da causalidade complexa, onde duas causas podem levar a efeitos diferentes; causas diferentes podem levar a um mesmo fim; pequenas causas podem levar a grandes efeitos... Viajei muito? hehe
Uma parte que achei muito interessante é quando o autor menciona que é preciso um novo sistema de ensino, onde o aluno não deve memorizar e repetir; mas sim entender o contexto e saber explicar o que lhe está sendo ensinado (p.2). Portanto, o estudante não deve ser um gravador, que repete tudo que lhe foi repassado, mas sim capaz de reunir as informações e construir o conhecimento.
Por sua vez, o trabalho de Barth e Rieckmann (2012) aborda um processo de implantação da sustentabilidade em currículos de uma universidade do Equador (UTN – http://www.utn.edu.ec/), a partir de um programa de especialização dos professores (“Ensinando e Aprendendo Sustentabilidade”). Os autores também apresentam constructos que fazem parte do processo de aprendizagem dos professores (que ensinarão seus alunos sobre sustentabilidade), ou seja, os resultados do trabalho. Os resultados compreendem em desenvolvimento de competências individuais, desenvolvimento do desempenho profissional e impacto organizacional do programa. Cabe salientar que tais resultados são descritos separadamente, mas na prática eles são interdependentes e se reforçam. Além disso, a ideia de sustentabilidade foi disseminada além dos limites do programa e se tornou um tópico transversal na UTN. A educação para a sustentabilidade oferece uma oportunidade para introduzir novas e inovadoras abordagens de ensino e aprendizagem. Gostaria de ver um caso aplicado à educação infantil, educação de jovens, educação para jovens e adultos, educação à distância... Como implementar o conceito de sustentabilidade nos currículos escolares?
E para quem se interessar, deixo o link do Guia de Sustentabilidade da Universidade Técnica do Norte: http://www.utn.edu.ec/transparencia/documentacion/Guia-sustentabilidad.pdf. Só não sei dizer ao certo de que ano é este documento, mas é válido para ver um relatório de sustentabilidade de uma universidade!
Ah, e sim... As questões que eu fiz no post anterior se referem ao nosso amado país!
Beijos,

Uiara - sexta, 22 junho 2012
 
Oi gente,
Pode fugir um pouco do objeto principal, mas o que me levou a fazer a breve pesquisa foi o tema dessa semana.
Aproveitei a oportunidade e fui fazer uma "entrevista" com a minha mãe, que é diretora de uma escola estadual de 1º grau (ensino fundamental) bem carente em Santa Maria.
A CRE (Coordenadoria Regional De Educação) não determina que a educação ambiental faça parte da grade curricular, ela aconselha, mas não é obrigatório. Existe um programa que chama Mais Educação, em que as escolas recebem uma verba para projetos, na maioria das vezes esses projetos são oficinas. Minha mãe não soube informar se é a própria escola quem escolhe o tipo de oficina a ser ministrada ou se é determinação do governo (ela está há menos de um ano na coordenação e esses projetos já estavam em andamento..)
Na escola dela eles oferecem capoeira, dança, coral, letramento, artesanato de jornal e percussão, com a verba desse programa. Existe possibilidade de outras oficinas como rádio na escola, mas o problema é encontrar monitores com capacitação. Fora as oficinas, o programa é responsável pela alimentação, porque muitos não tem comida em casa. É uma forma de mantê-los mais na escola e menos sozinhas em casa. Ocupa bem a vida delas para não caírem nas drogas...
Além desse programa, existe um do governo federal, mas que é voltado para esportes e os alunos da universidade federal que ministram as aulas.
**A partir daí podemos ver que falta uma ligação entre o que é feito nas escolas, o que é necessário na vida das crianças (sociedade) e o discurso. Quem sabe até pela falta de preparo dos professores em usar a educação ambiental (ou a educação para a sustentabilidade - não estou usando como sinônimos) em favor dessas crianças**.
Ela me disse que não há nenhuma obrigação para que a educação ambiental seja introduzida nas escolas. Na escola dela, as professoras incluem nas suas aulas, principalmente as de currículo por atividade, que são de 1º ao 5º ano.
Mas essa inclusão do tema se dá por necessidade, a maioria dos alunos vem de um assentamento de sem terras, os pais são papeleiros (grande parte). As condições de higiene e saneamento em casa são bem insalubres.
Ela me disse que de forma geral não se percebe muita melhora nas atitudes das crianças. Porque falta tanta coisa em casa, que elas pouco se preocupam com o meio ambiente.
As crianças sabem separar o lixo porque vêem os pais fazendo. Elas sabem que não se mistura PET com frasco de Qboa (para os santamarienses, conhecido como água sanitária para os demais, hehehe), pq a PET vale mais. Sabem que papel branco vale mais que papelão.... É a necessidade que acabou por levar essa noção para as crianças.
(A partir daqui o que eu disser pode não ser bem o foco). 
Eu só queria trazer um pouco de uma realidade que está bem perto da gente e que muitos não conhecem.... eu estive na escola faz tempo e já vi um pouco do bairro na volta, a situação é bem triste mesmo, não é fácil falar de certos temas quando o básico falta pra maioria.
Então, penso bastante no triple bottom line e a dimensão tão esquecida do social....
Deixe eu relatar mais uma situação que tem a ver com isso que estou falando agora: estão ‘passando a patrola’ no assentamento... retirando as pessoas de lá. Daí uma criança saiu correndo e se embarrou toda... parece que ela saiu correndo da frente da mãe e como não tem esgoto encanado ficou um lamaçal ela se sujou toda.... a mãe da criança deu uma limpada nela, mas os únicos tênis da criança ficaram embarrados (molhados) e não deu pra usar naquele dia... a criança teve de ir de chinelos de dedos pra escola no frio.... vcs sabem o que é isso?.... As professoras da escola correram pra achar umas meias pra criança, pelo menos... pra ela não adoecer....
Isso é um pequeno, mas bem pequeno relato do que acontece.... Acho que precisamos (e me incluo nessa) nos preocupar um pouco mais com as pessoas e não esquecer que sustentabilidade requer cuidados com a parte humana.
Fico pensando, que se fossemos fazer algum projeto nesse sentido, seria mais interessante focar nessa falta de assistência vital que ainda existe em nosso entorno. Pelo menos o que está dentro do nosso alcance seria legal fazer....
Até mais

Alan - sexta, 22 junho 2012
 
Olá pessoas, tudo tranquilo? 
Bah, estou me sentindo um ignorante com relação ao que está sendo colocado pelas colegas...e por mais lamentável que isso pareça, deve estar diretamente relacionado à educação que recebi. Apesar de ter cursado uma das melhores engenharia química do país, estou aquém no que diz respeito ao levantamento de críticas.
Pra começar a ensinar sustentabilidade nas escolas/universidades, o primeiro passo seria ensinar os estudantes à serem críticos (ou será que isso vêm da essência de cada um?); o que falta na maioria dos cursos técnicos e deveria ser o princípio para a educação sustentável.
Como no pequeno artigo do Farley, "a educação para uma sociedade sustentável deveria ser centrada nos alunos e no desenvolvimento de sua autonomia, juntamente com a produção de conhecimento cultural e ambientes para a criatividade coletiva" (traduzi/entendi certo?? hehe). 
Eu percebo bastante isso e pelo menos estou tentando aprender, mesmo que não exista ainda uma temática ou disciplina que ensine a ser sustentável. Acredito que falta muito de "social" nas faculdades técnicas, assim como falta um pouco de "técnica" nas faculdades sociais. E nesse assunto, tenho plena certeza de que se os cursos superiores de universidades de alto nível ainda não têm criado profissionais com um mínimo disso, menos ainda o restante. E o pior, o ensino médio é para muitos, 3 anos perdidos. Fui aprender de verdade alguns conceitos nos 6 meses de cursinho pré-vestibular que fiz.
Bom, não tenho muito o que acrescentar a respeito de "Morin" ou teoria da complexidade, mas fica aí uma pequena contribuição e uma pergunta: como aplicar questões de sustentabilidade (não apenas relacionadas ao meio ambiente) em cursos e disciplinas técnicas?
Ps: Fiquei impressionado com o artigo do Barth e até encaminhei para alguns amigos lerem...
Abraço

Gabriele - sábado, 23 junho 2012
 
Boa noite!
Concordo com a Pati que o texto do Faley nos faz pensar no Morin! Principalmente por ele considerar as competências do aprendizado como um processo e não um fim. Acho que isso é bastante diferente da educação “convencional” em que o processo parece ser pouco considerado, o importante é se o estudante adquiriu/memorizou ou não o conhecimento (ou informação). Como a Ana comentou, é um processo complementar, antagônico, concorrente.....peço desculpas aos colegas que não fazem a disciplina de complexidade.
Bom, quanto à diferença entre educação ambiental e para sustentabilidade acredito que seja um pouco relativo. Como a Ana colocou na definição de educação ambiental da política nacional, ela é bastante transdisciplinar, logo não se refere apenas ao ambiente, ou pelo menos não deveria. No meu ponto de vista, educação para a sustentabilidade depende muito do conceito de sustentabilidade adotado. Não existe um consenso, e inclusive há diversas interpretações. Por isso, acho que é relativa a diferença entre esses dois conceitos. 
Eu trabalhei em uma ong (Instituto Curicaca) com educação ambiental, e o projetos que desenvolvíamos eram sempre transdisciplinares. 
Interessante tu ter tocado no assunto do assentamento Uiara, porque até dezembro do ano passado eu estava envolvida com um projeto de EA no assentamento Filhos de Sepé em Viamão. É bastante difícil de trabalhar quando a realidade é completamente diferente da nossa. Entretanto, o nosso trabalho não era apenas de transmitir um conhecimento de conservar o ambiente, mas sim de, através do contexto deles construir um conhecimento sobre a importância da região onde vivem. O Incra no ano passado apreendeu quase toda a produção de arroz dos assentados porque haviam utilizado agrotóxicos e, como o assentamento está localizado dentro de uma unidade de conservação (de uso sustentável (essa categoria permite que haja moradores e que tenha utilização da área desde que de maneira sustentável)) o uso de produtos químicos não é permitido. Só que o Incra não deu suporte algum para que os assentados produzissem arroz  orgânico, simplesmente apreendeu toda produção. Foi aí que se inseriu nosso projeto de educação ambiental, voltado para agricultura ecológica, a partir do qual trabalhávamos aspectos ambientais, como biodiversidade, ecossistemas, etc, aspectos sociais, culturais, políticos. Além disso, sempre trabalhávamos a questão do respeito, autoconhecimento e coletividade. Construímos em conjunto com os alunos uma horta ecológica na escola e discutimos sobre a realidade deles. É interessante como na verdade tudo está relacionado, questão social, ambiental, política, cultural, econômica. Mas com certeza que os projetos de educação ambiental vão diferir de acordo com o conceito e objetivos de cada um, e como hoje quase tudo é possível chamar de ecológico, sustentável, etc...
Envio em anexo um trabalho que o pessoal da ong publicou em um congresso de educação ambiental sobre a metodologia adotada pela ong, é bem interessante, acho que vale a pena dar uma olhadinha!

Gabriele - sábado, 23 junho 2012
 
bom, recortei a explicação geral sobre a metodologia adotada pela ong só para dar uma noção geral, mas continua valendo a dica de dar uma olhadinha no trabalho todo 
Uma ação cultural pode partir de um evento, um espetáculo, uma exposição, uma ação pública, ou o que quer que mobilize as pessoas através da cultura. Mas o termo “criação” não se refere à construção física de uma obra e sim, às possibilidades que permitirão “a apreensão mais larga possível do universo da obra e a ampliação dos universos pessoais”. Portanto, ela não é um programa com objetivos fixos, mas um processo interativo, aberto para a criação, capaz de oportunizar condições de diálogo, de reflexão e de construção de sentido. A partir dela deve-se criar os meios e oportunidades de desdobramento, de modo que as pessoas possam refletir seu fazer, contextualizando suas ações. Inverte-se a posição passiva de público consumidor para agente de sua própria cultura. Como um campo elástico, a ação cultural deve estar aberta para o imprevisto, incorporando as iniciativas e situações emergentes compatíveis a ela. (COELHO, 1999).
Curiosamente, o conceito de ação cultural de Teixeira Coelho vinha de encontro às idéias de Paulo Freire, que já orientavam nossas ações, no que ele chamou também de ação cultural, mas para a liberdade ou para a libertação (FREIRE, 1984). Na ação cultural para a liberdade, através da educação, deve-se despertar a reflexão crítica e a capacidade criadora das pessoas e estimular seu envolvimento nos processos culturais, sociais e políticos nos quais estão inseridos. Propõem-se a transformação dos seres humanos em sujeitos de seus processos de vida.
Acho muito importante que tanto a educação ambiental, como a educação para a sustentabilidade, como o Farley aborda, trate de questões de valores e de ética! Acho que não poderiam ficar de fora dos trabalhos de forma geral... 
abs

Gabriele - sábado, 23 junho 2012
 
Muito legal Raquel essa questão do construtivismo de Piaget que trouxe! 
acho que deveria haver uma disciplina da área de educação em todos programas de pós-graduação, já que a maioria será professor ....

Patrícia - domingo, 24 junho 2012
 
Bom, já temos muita coisa interessante nesse fórum, eu vou começar citando o final do artigo sobre educação indígena que a Uca postou: "Pouco adianta o esforço de alguns que se esmeram em construir belos castelos de leis, que na prática esbarram nas estruturas de poder e interesses contrários ao reconhecimento dos povos indígenas. Ou ainda a imposição de modelos, como o dos distritos etnoeducacionais sem a devida participação do movimento indígena." 
Desde os jesuítas a educação para o povo indígena é nada "sustentável", principalmente por desrespeito à cultura e aos saberes desse povo. Os índios sequer ficavam doentes, tinham a seu modo de vida e sua estrutura social em perfeito funcionamento até que alguém entendeu que era preciso "civilizar" os índios!
Pergunto a vocês: somos "civilizados"? Ou melhor, somos "humanos"? 
Concordo plenamente com a Uca e com a Raquel sobre o lado social, a questão de dignidade, de se ter o mínimo necessário para simplesmente viver. 
Amo a natureza, considero que somos realmente parte dessa energia vital que reside tanto na água, quanto no ar, quanto em cada milímetro de pele do nosso corpo. Mas realmente não podemos esquecer das outras questões envolvidas no desenvolvimento sustentável: social e econômico. 
Quem sabe um possível caminho seja tentar pensar um pouco mais no presente, porque preservar para que se tenha no futuro, para que as gerações futuras possam se desenvolver com dignidade é muito nobre. Mas e os nossos contemporâneos? As pessoas que vivem nas ruas, que não tem o que comer, as crianças que são educadas pela lógica da violência urbana porque seus pais precisam ambos trabalhar... 
Nosso tema é educação ambiental e educação para a sustentabilidade. Importante tema. Acabamos falando aqui de outros problemas ligados à educação e que interferem diretamente na questão da educação para a sustentabilidade. Qualquer dos métodos propostos nos artigos, qualquer dos sonhos de educação para a sustentabilidade que tenhamos não vai ser eficaz numa escola como a que a Uca citou em Santa Maria, ou como a descrita no artigo sobre as escolas indígenas. Não é possível "tapar o sol com a peneira", ou seja, fingir que isso não é importante, mas o fato de haver outros problemas e questões mais do que fundamentais para que o mundo seja mais sustentável não invalida a discussão sobre educação para a sustentabilidade. O mundo tem muitos problemas e questões importantes a serem discutidas, e não sei se sou capaz de elencar o que tem que ser "atacado" em primeiro lugar.
Por outro lado a Gabi compartilhou a experiência dela num projeto de educação ambiental em um assentamento indígena aqui pertinho, e vejam que importante o papel da educação nesse caso. O INCRA vai lá e simplesmente confisca a produção do povo. A turma da Gabi foi lá e junto com o povo buscou - literalmente - construir um conhecimento no sentido de buscar soluções viáveis. Achei bem legal o trabalho que a Gabi postou, explicando o método da ONG, a questão de "ação cultural de criação" me parece um caminho bem interessante, por permitir justamente que a construção do conhecimento aconteça de uma forma natural e respeitosa às características e necessidades dos participantes dos projetos.
Nem tudo está perdido gente! 

Patrícia - domingo, 24 junho 2012
 
Pessoal, acabei de ler o artigo Susteinable Development Through service learnig, do Brown, está entre aqueles que a Ana nos enviou.
LEIAM!
Fala de uma experiência na Nicarágua, e tem muito a acrescentar nessa discussão do aspecto social. 
Esse método "service learning" consiste no aprendizado em campo, ou seja, aprender participando efetivamente de um determinado projeto. Os alunos foram para a Nicarágua trabalhar junto a projetos envolvendo pessoas extremamente carentes, e no artigo tem um quadro que demonstra as contribuições que conseguiram fazer dentro dos projetos em que se inseriram.
Achei o artigo bem importante e bem próximo da discussão que surgiu no fórum porque ele coloca que em primeiro lugar é preciso prover o mínimo (fala da importância das ONGs nesse aspecto), ou seja, levar comida, saúde, as questões mais básicas da necessidade humana. E minha reflexão é que até dentro do mínimo vai estar de alguma forma a educação, por levar - sem agredir a cultura local - hábitos de higiene e saúde importantes para que as pessoas possam se desenvolver. Depois que as pessoas tem isso começam outros processos que envolvem criação de soluções para que quando terminado o projeto de uma ONG a comunidade siga se desenvolvendo, ou seja, as pessoas de determinada comunidade tenham condições de desenvolver atividades, gerar renda e assim realmente haver desenvolvimento. Tem muito a ver com a discussão que tivemos anteriormente sobre assistencialismo, a questão de "ensinar a pescar".
Um trechinho extraído do artigo que ilustra isso:
Sustainable community development (SCD) initiatives involve tangible assistance such as food,
housing, and education that meets immediate needs, and they enhance the capacity for people to
act on their own behalf, as they have some degree of ownership or control of the system. Moving beyond
meeting immediate needs to a sustainable community-owned solution necessarily takes considerable
time, as successful organizations enter a community and establish trusting partnerships
with the population they intend to serve. Successful organizations enable indigenous people to set
the agenda and empower them to work cooperatively to develop solutions that enhance the capability
of the people while not depleting resources for the future (Schneider, Leydens, & Lucena, 2008).

Ana Paula - domingo, 24 junho 2012
 
Oiii povo,
Encontrei um artigo que fala sobre o contexto da educação (de uma forma geral) diante dos diferentes paradigmas da ciência. Abordam as mudanças paradigmáticas que ocorreram nas diferentes eras da história da humanidade. A evolução história permite que se observe a trajetória dos paradigmas. Além disso (e o que eu achei mais interessante), as autoras apresentam os pressupostos epistemológicos que caracterizaram o paradigma tradicional e da complexidade, com suas influências no campo da educação.
De acordo com as autoras, o mundo incerto, contraditório, paradoxo, com conflitos e com desafios leva ao reconhecimento da necessidade de uma visão complexa, a qual ignifica renunciar ao posicionamento estanque e reducionista de conviver no universo. Citam Moraes (2004), ao afirmar que a complexidade está compreendida como princípio articulador do pensamento, como um pensamento integrador que une diferentes modos de pensar, que permite a tessitura comum entre sujeito e objeto, ordem e desordem, estabilidade e movimento, professor e aluno e todos os tecidos que regem os acontecimentos, as ações e interações que tecem a realidade da vida. O paradigma da complexidade propõe uma visão de homem que participa da construção do conhecimento não só pelo uso da razão, mas também aliando emoções, sentimentos e intuições. Nesse sentido, torna-se urgente que as estruturas do funcionamento educacional incluam o uso dos conceitos de inter, pluri e transdisciplinar.
No contexto educacional, o resgate pleno do ser humano (numa visão do paradigma da complexidade) implica na expressão de novas formas de solidariedade e cooperação nas relações humanas. Para tanto, precisa contemplar uma proposta pedagógica que reconheça a  diversidade de fenômenos da natureza e o ser humano como um indivíduo dotado de múltiplas inteligências e com diversos estilos de aprendizagens. Nesse sentido, a formação docente precisa reconhecer o processo de aprendizagem complexa, envolvendo no ensino os aspectos físicos, biológicos, mentais, psicológicos, estéticos, culturais, sociais e espirituais, entre outros. Citam Yus (2002) ao alegar que a educação necessita que o educador tome consciência dela e busque restabelecer conexões em todas as esferas da vida e em todos os tipos de relações. Entretanto, cabe ao aluno analisar e tomar consciência dessas relações e de suas habilidades para transformá-las, caso seja necessário. O desafio para atingir a transdisciplinaridade exige um grau máximo de relações entre as disciplinas e uma visão de integração global. Assim como as autoras do artigo, concordo que a educação (seja ela educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior...) deve propor um ensino e aprendizagem que leve à construção de conhecimento crítico e reflexivo. É preciso repensar o modo como o processo de aprendizagem é construído tanto para educadores quanto para alunos - principalmente no sentido de introduzir a sustentabilidade neste processo!
Para quem desejar ler o artigo na íntegra: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/1891/189116805004.pdf. Algumas referências utilizadas neste artigo são muito interessantes também.

RODRIGO - segunda, 25 junho 2012
 
De agora, não vou acrescentar muita coisa, pois ainda não li os artigos... como bom "pitaqueiro" ai lanço o meu... 
algumas noções que tenho sobre a temática do ambiente (julgo ser redundante a expressão meio-ambiente pois ambas palavras tem mesma significância) são que o ambiente envolve, sim, o social e justamente por incorporar e representar praticamente tudo,  sua educação/ensino deve ser sempre multidisciplinar sem disciplina específica para tal. Como vim de um curso "focado" em ser ambiental, tive todas as disciplinas com algum viés ambiental. Desde cálculo até ecologia industrial, sempre os professores foram incitados por nós, alunos, a relacionar e/ou exemplificar os conteúdos com o que o ambiente nos proporciona. Julgo ser assim que deve ser permeada a educação para a sustentabilidade. Cada professor deve ser um "mestre" na área que leciona e, é necessário capacitá-lo também nas temáticas ambientais (que envolvem praticamente tudo: Social, saúde, ecologia...) para que ele consiga, em cada aula, inter-relacionar o conteúdo expositivo que domina sabiamente com os princípios ambientais que aprendeu, visando elevar a capacidade de incremento da sustentabilidade de cada aluno. Com o tempo, esses alunos crescem e viram professores já tendo as noções de sustentabilidade inseridas em seus princípios e, com isso, replicarão tudo o que aprenderam sem ser necessário que sejam capacitados. Este ciclo garante que mesmo com a interdisciplinariedade subjetiva que existe ao se falar em ambiente, as noções de sustentabilidades sejam permeadas em qualquer área do conhecimento através de uma espécie de disseminação de "bons-hábitos". Para concluir, o que eu falei pode ser uma tremenda besteira, uma vez que ainda não li os artigos, mas é o que penso e entendo sobre educação para a sustentabilidade.

Ismael - segunda, 25 junho 2012
 
Sobre este comentário da Uiara, fiquei pensando em muitas coisas que acontecem ao nosso redor, mas também não são valorizadas e nem ensinadas nas escolas, assim como acontece com a educação para a sustentabilidade.
Um exemplo: A última Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) aponta que quase 60% das famílias brasileiras estão endividadas, em Curitiba este índice chega a 88%. O que isto quer dizer? Que as pessoas gastam mais do que ganham. Parece idiota e infantil gastar mais do que arrecadam, não acham? Mas acontece. O Brasil (como país) está há anos gastando mais do que arrecada, mas equilibra a LOA (Lei de Diretrizes Orçamentárias) emitindo LTN – Letras do Tesouro Nacional para cobrir o rombo. Apesar desta façanha que acontece, ainda não vi uma escola ensinar para os alunos Finanças Pessoais, ensinar que não se pode gastar mais do que se ganha. Esta é uma iniciativa que também poderia ser adotada pelas escolas.
Bom, mas assim como a educação para a sustentabilidade e a educação financeira pessoal, existem “n” coisas importantes que deveriam ser ensinadas aos alunos.
Como fazer isto?
Já que tem muitas matérias e haja agenda para colocar todas no plano de ensino, penso que a maneira mais apropriada é desenvolver um plano interdisciplinar, no qual educação para a sustentabilidade é lecionada junto com geografia, história e até com finanças pessoais, pois tem reflexo no nosso bolso. Poderia ser lecionada em conjunto Matemática e Finanças Pessoais.
Enfim, respondendo a questão da Ana: Como implementar o conceito de sustentabilidade nos currículos escolares?
Acredito que ter uma nova disciplina chamada educação para a sustentabilidade é desconsiderar tantas outras matérias tão importante quanto à sustentabilidade. Portanto, vejo que a forma mais adequada de implementar, como eu já disse, é construir um modelo de ensino interdisciplinar onde as coisas possam se encaixar e fazer sentido na prática. Acho que os currículos escolares não precisam ser imutáveis como parecem ser, ou seja, quando há uma questão importante de ser incluída no currículo, deveria ser incluída, assim como outras saírem. Por exemplo, se em 2020, chegarmos a conclusão que um tema importante de ser ensinado é nutrição, porque 90% dos alunos são obesos, que se ensine nutrição.

Ismael - segunda, 25 junho 2012
 
Acerca do artigo (Scholarship That Matters: Academic–Practitioner Engagement in Business and Management) o que mais me chamou a atenção está baseado em uma questão levantada por Shapiro et al. (2007) que é: "É possível a criação de um contínuo diálogo de duas vias entre pesquisadores e profissionais?"
O artigo vai tratar desse assunto e traz um modelo com as possibilidades de rotas para a troca de informação entre a academia e os práticos.
Respondendo ao Shapiro. Acredito que sim, que é possível, e como o próprio artigo traz, existe “n” caminhos para que haja uma troca mais forte e um relacionamento próximo entre a academia e os práticos. Claro que, muitas vezes isso não é fácil e não há entrosamento para que os 2 campos conversem, mas fica claro que a academia gerencial e administrativa tem seu campo de estudo nas organizações e é para elas que muitas das teorias, estratégias são moldadas.
Mas há uma certa implicância de achar que um é mais importante que o outro, que um independe do outro, etc e tal. Para mim, os dois campos se complementam e é vital que interajam. Isto vale para os nossos professores de Administração, os quais julgo importante terem contato com a prática e conhecerem a realidade “crua e nua” para poder incrementar as aulas, sugerir campos de pesquisa, construir soluções e alternativas para problemas e dificuldades que a prática vivencia.
Não sei se eu entendi bem, mas acho que os autores criticaram as escolas de Gestão e MBA, pois não estariam preocupadas com a ciência, mas não desenvolveram muitos argumentos convincentes em minha opinião. Não que eu seja defensor dos MBA´s, mas acredito que existem aqueles de qualidade e com o propósito claro de servir à prática, e não de fazer ciência. 

Fernando - segunda, 25 junho 2012
 
Concordo, Rodrigo.
Pra haver a mudança é preciso que os elementos necessários para essa transformação esteja permeado nas mais diversas esferas sociais, de modo que seja disseminado "bons hábitos" nesse sentido.

Patrícia - segunda, 25 junho 2012
 
Tem razão Ismael, é complicada a situação das finanças pessoais. 
Sobre ensinar na escola, tenho experiência a compartilhar, e positiva, porque eu dei essa aula como voluntária no ensino médio num colégio de Nova Petrópolis. É parte do programa da Junior Achievement http://www.jabrasil.org.br/rs/index.php?option=com_programas&Itemid=101&menu_pai=71&tipo=2&task=detalhes&id=57
Foi uma experiência bem legal, era o pessoal do sétimo ano, e um dia encontrei a mãe de uma aluna que me contou que "inspirada" em minhas aulas, a filha dela se juntou com uma amiga e começaram a fazer pulseirinhas pra vender entre as colegas, mas cuidando muito das finanças, utilizando controles financeiros e reinvestindo todos os ganhos no "negócio". Foi muito gratificante, porque a galerinha jovem, que você as vezes pensa que não está nem ai pro que você está ali ensinando, e então fica sabendo de um lance desses. 
Há países, como os Estados Unidos, em que o grau de endividamento das pessoas é muito maior que no Brasil, chegando a 80%, mas as taxas de juros nem se comparam, por mais que aqui venham decrescendo nos últimos anos. No Brasil ainda se usa um critério na análise de crédito visando não comprometer mais do que 30% da renda mensal da pessoa com prestações, mas o problema é que as pessoas vão comprometendo 30 aqui, 30 ali...
É comprovado em pesquisas que a maioria dos brasileiros não faz a conta de quanto vai pagar ao final, pensa apenas se vai conseguir pagar as parcelas mensais, e assim se explica o motivo de você avaliar o balanço de uma Colombo ou Benoit da vida e perceber que ela ganhou mais com intermediação financeira do que com qualquer outra coisa. 

Patrícia - segunda, 25 junho 2012
 
Rodrigo, não tem nada de besteira no que falou, eu concordo. Será que você poderia nos contar algum dos exemplos de como os professores no curso que você fez faziam essas ligações com a questão ambiental? 
Outra coisa legal é os alunos incitarem os professores, você fala que isso acontecia, e aí que nós - professores ou futuros - temos que saber que podemos passar por isso e buscar preparo.

Fernando - terça, 26 junho 2012
 
http://youtu.be/hOqTOxLHBxs
Fala de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, ressaltando a importância da educação para um futuro mais sustentável.

Anelise - terça, 26 junho 2012
 
Também achei bem pertinente o que o Rodrigo comentou. Acho que diante do quadro generalizado de desafios, incertezas, problemas e oportunidades em nível global apresentados do século XXI, deveria ser consenso o papel central da educação com relação a sua responsabilidade como multiplicadora de impactos positivos e mudanças nos rumos do desenvolvimento de uma dinâmica sustentável. No site que eu já citei em outros fóruns (planetasustentavel.com.br) existe uma aba com conteúdo só sobre o tema educação linkado com sustentabilidade. Pontuei uma questão que foi lançada em uma matéria de 2010 e acho legal trazer para o debate: Um pedagogo, um doutor em ciência ambiental e uma geógrafa se debruçam sobre o mesmo tema – como a educação pode criar cidadãos cientes e zelosos de seus papéis no mundo, dadas as novas exigências comportamentais geradas pela descoberta de que a vida na Terra pode estar por um fio?
A primeira questão é que nem todo mundo concorda com isso, seja no meio acadêmico ou fora dele. A tese do aquecimento global tem seus detratores, porque ou ela ameaça seu status quo ou seus ambientes de negócios. A segunda questão é que mesmo parcela significativa daqueles que concordam com ela ainda não conseguiram perceber a extensão de suas consequências – há muita informação, de diversas cores e matizes, e isto tem ajudado a causar uma certa confusão, o que muitas vezes é proposital. Ainda, aqueles que realmente percebem uma iminente catástrofe, caso muitas coisas não sejam feitas simultaneamente, e rápido, podem acabar caminhando em território minado. 
Não é pouca bobagem. Atravessamos “uma crise do estilo de pensamento, dos imaginários sociais e do conhecimento que sustentaram a modernidade, dominando a natureza e multiplicando a lógica de mercantilização e consumo planetários”, lembra Jacobi em seu estudo “Meio Ambiente, Educação e Cidadania: Diálogo de Saberes e Transformação das Práticas Educativas”. A crise, diz ele, está nos espaços internos do sujeito, nas condutas sociais auto-destrutivas, e nos espaços externos, na degradação da natureza e da qualidade de vida das pessoas. 
As práticas pedagógicas que farão sentido, assinala ele, são aquelas que estimulem a interdisciplinaridade e a transversalidade – e que podem dar conta de explicar a complexidade do mundo e abrir espaço para uma reflexão produtiva. 

Alan - terça, 26 junho 2012
 
Faço um breve comentário a respeito do "já que a maioria será professor" comentado pela Gabriele mais para passar uma realidade que me parece um pouco diferente disso. No departamento de engenharia química a pós graduação, mesmo não sendo profissional, é na maioria dos casos feita como segunda opção por aqueles que não conseguiram emprego. Ao menos no mestrado isso é a realidade. No doutorado é difícil alguém se aventurar 4 anos sem realmente querer. O que acaba ocorrendo é que muitas vezes o pessoal arranja emprego no meio do mestrado e aí atrasa tudo, gerando "problemas" pro PPG como um todo...
O que eu acrescento é que uma disciplina da área da educação deveria ser ministrada também na graduação, como forma de "socializar" um pouco mais os alunos...

Alan - terça, 26 junho 2012
 
Outro breve comentário com relação à educação sustentável e também com relação ao que o Ismael comentou que uma "educação financeira" seria interessante na grade escolar eu pergunto:
A escola não estaria fazendo o papel dos pais?
Onde estão os pais que deveriam educar aos filhos a arte das finanças, do respeito com as pessoas e o ambiente, a ser sustentável, a proteger e dar valor ao que se conquista, seja material ou não, a respeitar as diversidades, a cultura, etc.? 
Isso seria a educação sustentável não?
Sei que muitos atos cometidos há anos pelos "nossos pais" levaram à esse mundo caótico que existe hoje, mas tenho certeza de que os meus tentaram passar um pouco disso tudo pra mim. Se fosse hoje, tenho certeza também de que seria bem mais difícil...por que?

Ismael - terça, 26 junho 2012
 
Concordo Alan, a Escola já faz algumas coisas que são obrigações dos pais para com os filhos. Mas o que acontece é que, em muitas situações, quem acaba fazendo o papel de educador em temas recentes, como a sustentabilidade, meio ambiente, etc, são os filhos em relação aos pais.
Por que? A educação que muitos de nossos pais tiveram não levou em consideração estes aspectos, ainda, a educação e informação era mais incipiente e precária, e muitos dos pais nem estudaram, pararam na 4 ou 5 série. Atualmente, há pais que nem tempo e disposição possuem para os filhos, quem diria ensinar sustentabilidade.
O que não pode acontecer é a Escola/Faculdade/Universidade ficar omissa quando isso acontece. Ela tem o dever então, de educar os alunos naquilo que os pais falham, a mídia não divulga e ensina.  

Ana Paula - terça, 26 junho 2012
 
Oiii povo,
Aproveitando esse gancho de vocês, encontrei um artigo que fala sobre uma nova proposta de avaliação para uma disciplina do curso de graduação em engenharia da computação, visando sustentabilidade pedagógica e inserção social, na Escola Politécnica de Pernambuco. Confesso que o resumo do trabalho me chamou bastante a minha atenção, mas ao começar a lê-lo percebi que fazia uma reflexão sobre os métodos de avaliação sobre uma disciplina. Consequentemente, fiquei intrigada sobre a questão da avaliação do aluno dentro do contexto da educação para a sustentabilidade. Resolvi continuar a leitura!
O artigo traz a trajetória de modelos de avaliação dominantes no Brasil, desde o sistema de provas escritas e orais, teste de conhecimento, trabalhos individuais e em grupo, até a avaliação vista como um processo complexo e recurso integrador entre ensino e aprendizagem.  O autor ressalta a importância do professor no processo de avaliação, que deve emitir uma mensagem de reflexão sobre a aprendizagem ao aluno/a para a qual faz uso de ferramentas comunicacionais como meio de retro-alimentaçãono processo de aprendizagem.
Além disso, o autor aborda o conceito de inovação pedagógica , para a qual se assinala que um experimento de avaliação realizado no ensino, em particular o superior, assume a característica de inovação quando seus métodos definidos são questionados, analisados, avaliados, estabelecidos e praticados novamente, fazendo parte da sistemática pedagógica do professor, por meio de situações interessantes, significativas e construtivas. Uma ação avaliadora somente passará a ser uma inovação pedagógica a partir de: um processo através do qual se realizam mudanças com o objetivo de melhoria da prática educacional. Não necessariamente é algo novo, mas que traga resultados melhores, aperfeiçoados, ainda não praticados, podendo ser incremental ou total. Para ser considerada efetivamente uma inovação, após a implementação, deve fazer parte da cultura institucional.
A ação avaliativa passa, assim, a contribuir para a sustentabilidade pedagógica, entendendo-se por tal as contribuições da práxis docente no processo educativo, visando o contínuo desenvolvimento do sujeito social no âmbito local e global, uma vez que a retroalimentação do trabalho pedagógico favorece o permanente desenvolvimento social, cognitivo e afetivo do estudante. Sem educação e sem o entendimento de que o conhecimento e o desenvolvimento não acontecem unilateralmente, torna-se impossível conceber a sustentabilidade do planeta Terra – considerando que a educação deve fortalecer a percepção global dos fenômenos sociais, em que não existam conhecimentos e muito menos profissões mais ou menos importantes, uma vez que todo o conhecimento, todo saber, são igualmente importantes à sustentabilidade do planeta. O sujeito social deve ser educado para o desenvolvimento sustentável e perceber este desenvolvimento numa perspectiva global e multidimensional.
Então, o autor fala do caso da criação de uma nova disciplina: Informática e Sociedade, a qual passaria a introduzir os conceitos fundamentais e a história da computação numa perspectiva técnica e também social aplicada. A nova metodologia proposta consistiu em abolir por completo provas escritas para esta primeira disciplina do bacharelado de Engenharia da Computação e as substituir por uma atividade nova para os alunos: pesquisarem, conceberem, prepararem e apresentarem uma aula, com duas horas de apresentação, para um público heterogêneo leigo. O resultado foi positivo tanto para os estudantes que ministraram as aulas quando para o público que assistiu. Achei interessante a conclusão que o autor faz, ao citar Perrenoud (1999): “a avaliação tradicional é uma amarra (...), que impede ou atrasa todo tipo de outras mudanças. Soltá-la é, portanto, abrir a porta a outras inovações”.
Acredito que esta iniciativa pode ser uma das inúmeras respostas para minha questão “como poderiam ser as avaliações no contexto de uma educação para a sustentabilidade”.  Como já me posicionei aqui no fórum, acredito que o aluno não é um gravador – logo, repetir exatamente o que lhe foi passado não é sinal de aprendizado. O aluno deve se sentir motivado a questionar e refletir sobre o tema, de modo a contribuir com o seu próprio aprendizado e com a trajetória da disciplina! A meu ver, as trocas são mais significativas do que as repetições. Afinal, quem ensina aprende e quem aprende ensina.
Envio o artigo, mas não reparem que eu gosto de ler em amarelo! Hehehe

Minelle - terça, 26 junho 2012
 
Concordo com a Ana sobre a necessidade de se diferenciar Educação Ambiental de Educação para a Sustentabilidade, entendendo que o primeiro foca a ideia de Meio Ambiente e o segundo amplia a ideia para o tripé da sustentabilidade, bem como outras dimensões que começam a se apresentar como necessárias. Nessa discussão, o que mais é necessário considerar é como introduzir a temática no contexto escolar (em qualquer dos níveis)! Diante dessa ideia, enquanto seguidor de Paulo Freire que pregava a ideia de educação como libertadora como aquela capaz de trazer para o indivíduo enquanto cidadão pertencente ao seu contexto o entendimento do todo, Moacir Gadotti deu continuidade as discussões iniciadas por Freire no que se refere a chamada Ecopedagogia.
A ecopedagogia é a prática educativa que pode ser utilizada para inserir a questão da sustentabilidade nas discussões escolares, parece algo irreal para a obra de Paulo Freire, mas em um de seus textos ele faz menção a essa temática. Gadotti escreveu e continua até hoje escrevendo sobre a temática permeando as diferentes abordagens e buscando avançar no conhecimento (http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/moacir-gadotti-carta-terra-sustentabilidade-paulo-freire-551785.shtml) grande parte de suas pesquisas estão inseridas no portal do Instituto Paulo Freire e dão uma visão sobre a temática. Um dos textos que achei interessante e resolvi resgatar para vocês ja fala exclusivamente de educação para a sustentabilidade (http://revista.ibict.br/inclusao/index.php/inclusao/article/viewFile/113/122), no qual seu pensamento de como educar para uma vida sustentável (indicando as dimensões que devem ser consideradas), bem como algumas oportunidades para os sistemas educacionais na construção de um novo pensamento coletivo.
Vamos discutindo...

Minelle - terça, 26 junho 2012
 
Essa discussão é bem interessante: Existe limites para a educação? Escola, pais, amigos, mídia, empresa, apenas um desses pode ser considerado como responsável? Será que é tudo culpa do governo (apesar de entender e compartilhar o desgosto pela educação nacional)? Será que não devem ser mudanças individuais em hábitos que podem ser repassadas de forma natural ao longo da formação de um indivíduo-cidadão? Será que uma empresa, não pode utilizar todas as suas ferramentas de marketing para contribuir com a educação do seu cliente ou consumidor potencial? As vezes me inquieto com muitas definições rígidas, isso é assim e isso assado, acredito que a complementaridade é a melhor opção... Ai eu pego um ponto do Ismael, será que é falha realmente dos país, ou apenas um pensamento diferente do que se prega atualmente e para ele está tudo de acordo? Será que não são os princípios predatórios, a racionalidade instrumental e a reprodução de valores insustentáveis que a educação, segundo Gadotti em outro post que fiz, suscita para a população? E mais, será que a cultura individualista não prejudica toda essa necessidade de mudança de pensamento? 
Acho que não contribui tanto, mas são questionamentos que me fazem pensar sobre tudo isso... Sobre a necessidade de mudança, sobre o que nos espera em pouco tempo!! 

Valeria - quarta, 27 junho 2012
 
Oi pessoal
Minhas migalhas de contribuição ao fórum da semana...
Achei muito interessantes os comentários, que vão desde questões de cunho mais social, passando pelo econômico e finalmente chegando ao ambiental. De fato, quando falamos em educação ambiental não falamos apenas na dimensão ambiental. Não há como pedir a uma criança que se preocupe em preservar ecologicamente o ambiente onde está inserida quando lhe falta o básico, como a Uca falou. Não há como esperar que os professores eduquem quanto à conscientização ambiental, enquanto não nos sentirmos responsáveis também, e engajados no tema, como propôs o Rodrigo (apoiado pela Pati, Anelise e Russo). Para mim, falar de educação ambiental é falar de tudo, de valores, de ética, de assumir atos com responsabilidade, de se sentir parte integrante do planeta, de querer um presente e um futuro melhor. Porque a gente só preserva se se sente responsável por. Porque a gente só preserva se traz isso como valor pessoal. Porque a gente só preserva se entende que tudo gera impacto e que minimizar esse impacto é uma responsabilidade solidária de todos. Porque a gente só preserva se tem o entendimento de que educação ambiental não é moda, não é papo de "ecochato", não é meramente uma oportunidade de negócio.  Ou se é coerente ou não se é. Educação ambiental, para mim, é uma questão inserida nos valores pessoais e na ética, deveria vir desde o início de nossa educação, começa em casa e segue em todos os atos de nossas vidas. Infelizmente, ainda temos uma longa caminhada, especialmente em um país onde as questões sociais e de assistência ainda são tão deficientes. Pelo menos, temos percebido avanços na discussão e nas ações.
Abraços,

Valeria - quarta, 27 junho 2012
 
Oi de novo, pessoal
Achei um artigo publicado na RAE, de 2009: Consciência ambiental: um estudo exploratório sobre suas implicações para o ensino da Administração.
Traz algumas contribuições referentes às discussões ambientais nos conteúdos programáticos dos cursos de graduação em Administração. Os autores fizeram uma pesquisa em uma escola de gestão de São Paulo com o objetivo de caracterizar a dimensão ambiental do comportamento de futuros administradores e explorar condições, desafios e perspectivas para a ampliação da formação socioambiental nos projetos pedagógicos dessa escola de gestão. Foi desenvolvido um modelo fatorial em que foram analisadas as seguintes dimensões de comportamento para a conscientização ambiental (ou comportamento ecológico, como os autores se referem em certos momentos no artigo): consumo engajado, preocupação com o lixo, boicote via consumo, mobilização, ambiente doméstico. Também foi proposta uma tipologia de comportamento ecológico de acordo com o perfil de comportamento dos alunos de graduação em Administração: ativista, crítico, descomprometido. Uma das conclusões a que chegaram os autores que corrobora com nossas opiniões a respeito do tema da educação ambiental é a seguinte
"A grande maioria da amostra não cursou disciplinas específicas sobre meio ambiente na graduação e também não realizou trabalhos sobre o assunto. No entanto, no conglomerado dos Descomprometidos – que contém o percentual mais significativo de alunos que elaboraram trabalhos acadêmicos voltados ao meio ambiente – o comportamento ecológico distancia-se do padrão desejável
dentro das metas de formação ambiental. Isso denota que não basta introduzir a discussão em sala de aula para fomentar junto aos alunos o interesse pelo tema. É também um sinal para a necessidade de analisar a forma como esse tema vem sendo incorporado pelos professores em suas discussões de sala
de aula. É preciso desenvolver estratégias pedagógicas inovadoras para que alcançar uma mudança efetiva de comportamento ambiental.
A análise indicou que, a partir dos grupos e fatores característicos de comportamento dos futuros administradores, é necessário desenvolver estratégias de ensino e aprendizagem mais efetivas para a discussão de temas ambientais nas diferentes disciplinas do curso."
O artigo é de fácil leitura e vai em anexo.
Abraços,

SABRINA - quarta, 27 junho 2012
 
Oi pessoal
Acompanhei as discussões de vocês, já pesquisei muitas coisas sobre o tema que nem soube qual pegar para exemplificar minhas "migalhas de contribuição" como as colegas colocaram! hehe
Primeiro, uma coisa muito legal que li e usei no meu artigo são os tipos de sustentabilidade que existem. Portanto, educação para a sustentabilidade é algo super complexo, vai desde ensinar política, economia, ambientalismo, manutenção das espécies. Achoq ue justamente por ser um tema tão amplo, tem se adotado a simplificação de usá-lo como educação ambiental.
Olhem só quantos tipos diferente de sustentabilidade eu encontrei:
• Sustentabilidade econômica: gestão eficaz dos recursos naturais, economia que atende àsexigências sociais, distribuição justa de renda.
• Sustentabilidade social: melhoria da qualidade de vida da população, equidade social, racial eeconômica.
• Sustentabilidade espacial: também conhecida como sustentabilidade territorial, é caracterizadapela busca de um equilíbrio nas relações inter-regionais, extinguindo assim asdiferenças. Planejamento urbano e arquitetônico que garanta moradia digna,saneamento básico, questões de salubridade urbana. Melhor utilização dosespaços.
• Sustentabilidade cultural: manutenção de diversas culturas, costumes e valores. Identidade dospovos. Conservação dos bens culturais materiais e imateriais.
• Sustentabilidade ecológica: utilização correta dos recursos naturais em diferentes ecossistemas,com o objetivo da não degradação do meio ambiente.
Alémdesses tipos de sustentabilidade, há também a sustentabilidade geográfica que está relacionada com a demografia urbana ou rural do planeta, considerando aspossibilidades de suporte e expansão da exploração de uma região, as tendênciasde crescimento econômico e populacional, a composição etária, sexual e aparcela economicamente ativa.
A sustentabilidade institucional busca a qualificação das instituições, sejamelas públicas ou privadas. Já a sustentabilidade política considera apossibilidade e o processo de construção de uma cidadania plena pelas viasdemocráticas e ideológicas, garantindo a inclusão de todos no desenvolvimento,diminuindo as disparidades entre os povos e contribuindo para a paz mundial.
Anexei uma publicação feita pelo sebrae que possui vários artigos sobre sustentabilidade, mas o que me interessou nele foi o da página 185, que é sobre o tema educação. Onde a autora pretende uma reflexão sobre as interações e inter-relações entre educação e sustentabilidade. Inicialmente é apresentado um conceito de educação e a premissa de que esta é, sempre, empreendedora. São apresentados conceitos de sustentabilidade para, por fim, tratar de alguns aspectos sobre a contribuição da educação na construção do desenvolvimento sustentável.

RODRIGO - quarta, 27 junho 2012
 
Olá... então após ler material a respeito concluo, em poucas palavras:
Educação para a sustentabilidade é uma ideia mais complexa, que envolve ensinar princípios, moralidade, bons hábitos. Enfim, é educar as pessoas a exercerem seu real papel de cidadão perante a sociedade, arcando com os compromissos que temos (sustentabilidade) por sermos os únicos seres racionais da Terra. É um conceito que está intrinsecamente ligado ao ser cidadão.
Educação Ambiental é algo mais "fim de tubo" em que tentamos inserir rápidamente conceitos vagos e discretos sobre sustentabilidade do tipo: Tais e tais itens são resíduo seco, tais e tais itens são resíduos orgânicos. De tal forma se faz a separação e isso é importante pra sociedadee o mundo e, com isso, você evitará de receber uma multa.
Quanto aos exemplos que citei de meu curso, refleti agora e vejo que não se tratava de educação para a sustentabilidade, mas sim de educação ambiental. Em aulas de matemática, física e química trabalhávamos com exemplos e modelos ambientais. Em ecologia, manejo sustentado de áreas, aprendíamos noções de conservação, conhecíamos projetos socias de sem-terras, agroflorestas... enfim, era algo mais fim de tubo, para capacitar engenheiros ambientais a atuarem na sociedade. Devido ao fato de serem 5 anos com isso, por fim, acabamos internalizando os conceitos e o produto final acabou sendo cidadãos educados para a sustentabilidade mas através de técnicas simples de educação ambiental.

Alan - quarta, 27 junho 2012
 
Olá pessoal.
Olhem que interessante a notícia:
Sustentabilidade: IBGE lança Indicadores do Desenvolvimento Sustentável 2012
http://www.altosestudos.com.br/?p=49674
Vários dos indicadores apresentados já foram comentados nas nossas aulas...
Tem outras notícias bem legais nesse site..façam bom proveito!
Abraço

Fernando - sexta, 29 junho 2012
 
O papel estratégico da educação, artigo de Maria Alice Setubal
 Maria Alice Setubal é doutora em psicologia da educação pela PUC-SP e presidente dos Conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária e da Fundação Tide Setubal. Artigo publicado na Folha de São Paulo de hoje (29).
O debate promovido pelo Rio+20 aponta para o papel estratégico da educação e para a urgência de alcançarmos uma educação de qualidade que responda aos desafios do desenvolvimento sustentável. Para isso, é necessária a articulação entre as diferentes instâncias de governo - União, estado e município -, assim como um diálogo entre governo e sociedade civil. Articulação e diálogo somente serão alcançados por meio da construção de consensos e pactos.
Alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade é a quinta meta do Plano Nacional da Educação (2011-2020). Diante desse desafio, o Ministério da Educação anunciou o programa da alfabetização na idade certa, para o qual busca construir pactos com estados e municípios. Tal iniciativa precisa ser destacada, pois ao mesmo tempo em que o governo federal oferece diferentes possibilidades de materiais e programas, também apoia as redes municipais e estaduais que já têm seus próprios programas, fortalecendo-as para que alcancem as suas metas de alfabetização.
Assim, o governo leva em conta as diversidades locais, reconhecendo os esforços que já estão sendo feitos, respeitando a autonomia e iniciativas dos gestores, com escuta ativa para oferecer o apoio necessário, sem partidarismos e favoritismos.
O poder público tem como tarefa conceber e gerir redes de ensino como um todo - ou seja, criar e implementar soluções em escala e não apenas em escolas isoladas. Escolas inovadoras ou eficazes, ainda que tragam ótimos resultados, muitas vezes apresentam modelos sem condições de ganhar escala ou não disponíveis a todas as realidades.
Nesse sentido, o segundo consenso necessário é que não é mais possível pensarmos que uma única solução, metodologia ou projeto pode ser igual para todas as escolas e regiões de um país com a expressiva diversidade cultural, social e regional que caracteriza o Brasil. Um terceiro consenso fundamental em um governo que tem como marca o programa Brasil sem Miséria é a priorização de políticas contra as desigualdades educacionais.
Diversos estudos e projetos têm apontado para as enormes disparidades de oportunidades educacionais, especialmente nas periferias das grandes metrópoles, nas áreas rurais e em pequenos municípios de concentração de pobreza no Norte e Nordeste. Cada realidade exige projetos específicos que deveriam ser implementados como ações afirmativas e com todo apoio de recursos materiais e profissionais.
Se não enfrentarmos essa problemática, que atinge 20% das crianças e jovens que estão no sistema escolar, não alcançaremos uma educação para todos compatível com os desafios do século 21.
Por último, mas não menos importante, outro consenso prioritário para alcançarmos uma educação de qualidade é pensar a formação, valorização e o reconhecimento social da profissão docente de maneira articulada e pactuada entre os entes federativos. A profissionalização docente envolve questões complexas e de natureza distintas, como o piso nacional, ainda não implantado pela maioria das redes, a formação inicial dos professores dissonante com os direitos e objetivos de aprendizagem dos alunos e a desvalorização simbólica da carreira docente, apontando um "apagão" dos professores em futuro próximo, entre outras.
Pela importância dessa questão e a diversidade de atores envolvidos - governo federal, estaduais e municipais, universidades públicas e privadas, sindicatos e organizações da sociedade civil -, esse é um pacto que deveria ter à frente a instituição que tem o poder e autoridade para liderar mudanças. É chegado o momento da construção de um grande pacto pela educação, capitaneado pela Presidência da República, tendo os professores como foco das ações e a sustentabilidade como diretriz.

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