segunda-feira, 9 de julho de 2012

P+L e Capitalismo Natural




LUIS FELIPE - sábado, 5 maio 2012
 
Olá Pessoal,
Desta vez não elaboramos questões para o debate, então vou apresentar algumas reflexões para provocar nosso debate. Espero que seja tão intenso e proveitoso como os anteriores. 
O autor Kenneth Boulding utiliza a figura do cowboy e da espaçonave para explicar as mudanças ocorridas nas últimas décadas. Ele chama de “economia do cowboy” aquela onde existe muito espaço, pouca gente e muitos recursos naturais disponíveis. Lembrando a figura de um cowboy vagando pelo velho oeste, podemos ver baixo consumo e, mesmo que ele não aproveitasse adequadamente os recursos naturais, ainda assim teria recursos em abundância. Se jogasse uma garrafa de whisky vazia no meio do deserto, o impacto seria mínimo. Já os astronautas do Projeto Apolo, passavam vários dias num capsula que mal podiam se movimentar. O espaço para os três astronautas era menor do que um quarto da casa de estudantes. Eles não podiam fazer um rancho para garantir sua alimentação no período que estivessem no espaço, precisavam levar o mínimo possivel de alimentos e água. E o lixo gerado? Não dava para abrir a janela e jogar fora, tinha que trazer de volta. Onde armazenar o lixo numa espaconave tão pequena? E as necessidades básicas? Não dava para dar descarga e mandar tudo para o rio! 
Trago esta figura para analisarmos o uso radical dos recursos naturais, que é um dos focos da Produção mais Limpa e uma das estratégias do Capitalismo Natural. Será que já chegamos na "economia da espaçonave", mas continuamos agindo como se estivessemos na "economia do cowboy"? Qual a opinião de vocês?
Outra estratégia do Capitalismo Natural trata da transformação de produtos em serviços. Vimos que trocar 30 máquinas lava roupa (utilizadas num prédio no Brasil), por 3 máquinas lava roupa (utilizadas num prédio nos EUA), resulta em economia de água, energia e gera menos lixo. A natureza ganha, a empresa americana que produz a máquina continua ganhando dinheiro, mudou apenas a forma de realiar a operação "lavar roupa". O americano que é rico, comodista, poluidor, sem consciência ambiental, etc, etc, lava a roupa da forma que causa menor impacto. Nós, que somos pobres, conscientes, preocupados com o meio ambiente, etc, etc, temos cada um uma máquina lava roupa e impactamos muito mais o meio ambiente. 
Voces acreditam que este sistema de substituir produto por serviço é uma tendência? Esta moda vai pegar no Brasil? Como seria a nossa vida se não tivessemos mais "a minha máquina lava roupa", "o meu carro", "o meu ..."? Chegaremos num ponto em que tudo será serviço e não seremos mais "donos" de nada? Quem ganha e quem perde com a troca de produtos por serviços? Por que isto não difunde mais rapidamente no Brasil?
A estratégia de copiar da natureza as soluções dos problemas é ainda muito pouco utilizada. Tivemos que pensar alguns minutos para encontrar exemplos de produtos desenvolvidos a partir da observação da natureza. Mas todo o momento lemos que alguém inventou um produto a partir da observação do comportamento dos peixes, dos insetos, ... Os cientistas descobrem que determinada substâncias extraída de um vegetal qualquer cura determinada doença. Será que estamos ao lado de uma nina de ouro e não percebemos isto ainda? Por que não olhamos mais atentamente para a natureza? Por que nosso processos industriais são lineares se tudo na natureza funciona na forma circular, se retroalimentando? O biomimetismo não deveria uma inspiração em tudo que fazemos? 
Por fim, pediria para voces identificarem exemplos de experiências em que houve investimentos no capital natural e qual foi o resultado obtido? 
Anexei alguns documentos no Moodle para subsidiar as leituras e as discussões. 
Vamos em frente que este tema tem muito o que falar, digo, que escrever!!
Um abração a todos.

Gabriele - domingo, 6 maio 2012
 
Boa noite!
Achei muito interessante a reportagem do biomimetismo e penso que com certeza temos muito a nos inspirarmos em bilhões de anos de evolução da vida no planeta. Procurei outros exemplos e encontrei alguns no site http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=noticias&id=46 : “bypass baseado na estimulação eléctrica do coração das baleias corcunda, que consegue atravessar a massa de gordura que protege do frio o corpo do animal. Esta investigação está a ser desenvolvida por Jorge Reynols, director do Programa de Acompanhamento do Coração de Baleia via satélite na Colômbia, que investiga como o corpo deste animal, de mais de 900 quilogramas, bombeia uma quantidade de sangue oxigenado, equivalente a seis banheiras cheias, através de um sistema circulatório 4.500 vezes maior do que o do ser humano”.
“Também a observação da alga vermelha "Delisea pulchra", cuja superfície está livre de peles, apesar de viver em águas infestadas de bactérias, deu lugar a uma investigação que põe em evidência um composto conhecido como furanona halogenada.
Este composto bloqueia os sinais químicos que as bactérias utilizam para comunicar-se, o que se pode aplicar para evitar infecções hospitalares ou novas formas de controlar a cólera ou a legionela”. 
Imagina o impacto que causará na área da saúde poder controlar a infecção hospitalar! 
Bom, pensando na questão da agricultura, acredito que os sistemas agroflorestais possam ser vistos como sistemas biomiméticos, pois é uma forma de cultivo que imita o ecossistema original. Aí lembrei que tinha postado algo sobre isso no fórum na questão da Água e acho que se encaixa muito bem nesse assunto, por isso resgatei o fragmento: em um sistema agroflorestal por exemplo, o ecossistema original se modifica muito pouco, o cultivo é feito de maneira bastante diversificada e em conjunto com espécies nativas. São plantadas espécies da região, que necessitam de pouca ou nenhuma irrigação. Por ser um sistema biodiverso, não há a proliferação de uma única espécie (pragas), além de espécies nativas de plantas e animais coexistirem com as espécies cultivadas. Com isso, não há a necessidade de uso de agrotóxicos, ou seja, não há contaminação dos corpos d'água. Por ser muito semelhante ao ecossistema original, também não há necessidade de fertilizantes, pois o próprio sistema gera matéria orgânica fértil (folhas e troncos caídos por exemplo), além de se eliminar quase que totalmente o risco de erosão. Com a aplicação de técnicas da permacultura pode haver um aproveitamento de muitos materiais, bem como da própria água da chuva por exemplo. Bom, quem se interessar por isso encontrei um pdf sobre os conceitos básicos da permacultura que foi apoiado pelo ministério da agricultura do Maranhão. Acho que a permacultura em geral elabora suas técnicas a partir da observação da natureza.
http://ieham.org/html/docs/conceitos_basicos_permacultura.pdf
Abs

Fernando - segunda, 7 maio 2012
 
Não é só a estratégia de copiar a natureza que pode ser utilizada, em Piracicaba há uma empresa que produz e comercializa agentes de controle biológico.
Esses agentes são na maioria vespas que parasitam ovos das principais pragas das grandes culturas. Para assegurar a qualidade, todos os organismos são criados com a mais alta tecnologia, a qual foi alcançada pela formação especifica de seus técnicos junto ao seu departamento de P&D.
http://www.bugbrasil.com.br/index.asp

Minelle - segunda, 7 maio 2012
 
A discussão sobre Produção mais Limpa permeia a preocupação com a otimização de recursos para redução dos impactos empresariais sobre o meio ambiente. Partindo dessa ideia, cade vez mais percebe-se o surgimento de alternativas por parte das empresas a partir da Inovação. Inovar relaciona-se com trabalhar com algo novo, reestruturando processos, produtos, gestão... Na discussão sobre sustentabilidade muitas vezes busca-se apenas a remediação dos impactos, sem uma preocupação de fato com esse impacto, doeu no bolso, faltou recurso, ai sim começa-se a pensar em algo diferente, isso é errado? Não, mas se houver uma ação pró-ativa melhor seria a contribuição empresarial principalmente quanto a Produção mais Limpa, a qual reduz não só os impactos como os custos empresariais.
Lá em Pernambuco no pólo de confecções do agreste temos um exemplo de empresa que conseguiu por meio da inovação, criar um novo modo de trabalhar. A empresa é uma lavanderia para jeans, imaginem o impacto sobre o ambiente? Pois então, pensando nisso e em paralelo com a pouca quantidade de água na região criou-se uma nova forma de trabalhar com o processo de lavagem de forma que os recursos seriam utilizados de forma mais correta. Antigamente dizia-se que a cor do rio toritama era a cor da moda, hoje em dia a Lavanderia Mamute (http://www.youtube.com/watch?v=-GDX5NSnuaA) trouxe uma nova visão e isso está sendo passado para diferentes empresas. 
É um exemplo que pode nos ajudar a discutir mais sobre a temática.
Abraços

Ismael - segunda, 7 maio 2012
 
Da-lhe Lavanderia Mamute.
Muito legal a reportagem, mas sobretudo salutar na questão importância econômica e gerencial que as transformações e inovações com cunho ambiental proporcionaram para a empresa.
É esta consciência de custo/benefício x práticas ambientais/eficiência energética que falta ao nosso gestor. 
Se houver incentivo governamental, seja por entidades Paraestatais como do Serviço Social Autônomo (Sistema S), para viabilizar estas inovações, muito mais será feito em prol da Natureza e da desempenho econômico também.
Excelente.

Raquel - segunda, 7 maio 2012
 
Achei muito interessante este conceito sobre mimetismo. Já tinha ouvido falar, mas nunca me aprofundei no tema. Ótima oportunidade.
Esse link: http://www.tecmundo.com.br/ciencia/12821-5-tecnologias-inspiradas-pela-natureza.htm
Traz exemplo de 5 tecnologias inspiradas na natureza:
- Trem-bala inspirado no pássaro Martin-Pescador, já cometado pelos colegas;
- A criação Velcro, inspirada na planta Arctium;
- Um carro biônico da Mercedez Benz, inspirado em um peixe;
- Telas inspiradas em borboletas, para facilitar a leitura em dias ensolarados;
Mas o que achei mais interessante, um edifício que tem o sistema de refrigeração inspirado em um "cupinzeiro". Suas colônias, os cupinzeiros, chegam a medir até 8 metros de altura. As “paredes” dos cupinzeiros são feitas com partículas do solo misturadas com a saliva deles e resistem a diversos riscos externos, como fenômenos naturais e alguns predadores. Mas o que chama mesmo a atenção é o fato de que ele ser construído de forma a manter um ambiente com temperatura, umidade e ventilação precisamente controladas. Essa foi a inspiração para o sistema de refrigeração do Eastgate Centre, um shopping na cidade de Harare, Zimbabwe. O edifício foi construído de forma a conseguir autorregular a temperatura interna, fazendo com que o ambiente seja sempre agradável para os funcionários e consumidores, dispensando um sistema de ar-condicionado comum. Com isso, também foi possível baratear o aluguel de lojas e economizar no gasto com energia elétrica.
Contudo, não explicava muito tecnicamente. Fiquei com vontade de saber como...

Ismael - segunda, 7 maio 2012
 
Pessoal,
Assistam a palestra de Janine Benyus sobre Biomimetismo e as várias lições que ela apresenta.
http://www.silvaporto.com.br/blog/?p=1003
Uma delas inclusive com o uso de CO2, o qual não é visto pelos organismos como um veneno, mas é usado pelos corais como um bloco de cimento para fazer conchas e isto serviu de exemplo para uma empresa americana (chamada Clara) utilizar o CO2 na produção de cimento.
O besouro tem uma carapaça que tem inúmeras funções, por exemplo, é impermeável, na natureza são utilizados apenas 5 polímeros para fazer tudo o que se vê e no nosso mundos nos usamos cerca de 350 para fazer o mesmo.  A natureza é NANO, e como ela pode nos ajudar com a nanotecnologia de modo seguro?

Raquel - segunda, 7 maio 2012
 
Vocês já ouviram falar do livro "Nature's 100 Best"? É um livro de 2008 de dois autores, Janine e Paulie, que traz uma compilação do que eles chamam de 100 promissoras tecnologias inspiradas na natureza. Li algumas reportagens a respeito e vários tipos de tecnologias, inclusive esta das baleias, mas não consegui a versão eletrônica do livro, para ler na íntegra. Se alguém tiver, por favor, compartilhe.

Alan - segunda, 7 maio 2012
 
Olá pessoal, tudo bem?
Uma coisa que fiquei pensando foi justamente o fato de na América do Norte (EUA principalmente) haver esse tipo de "lavanderia" nos prédios enquanto que aqui no Brasil e na maioria de outros países não. Até mesmo no Japão que tem pouco espaço os apartamentos possuem lavadoras próprias. Eu pensei: tenho quase certeza de que por motivos ecológicos não é. Tentei pesquisar alguma coisa e encontrei uma discussão com perguntas semelhantes. A discussão não é antiga..é de 2010.
http://boards.straightdope.com/sdmb/showthread.php?t=569832
Inicia com essa pergunta:
There is a thread running right now in MPSIMS asking how people feel about returning to the laundry room a few minutes late, and finding that a neighbor has removed their clothes from the machine so that he can use the machine himself. 
When I lived in apartments, it never bothered me........but what DID bother me was the damn inconvenience of never knowing if there would be a washer and dryer available when I wanted it.
It seems weird to me that in America of all places,people don't mind being forced to share laundry facilities, to wait in line for a machine, then leave their intimate property in a public place.
America is the nation of individualists, lovers of freedom. That's why the greatest of all symbols in American society is the car. Europeans like their efficient trains and busses; but Americans love their cars...the ultimate freedom.Americans demand their individual privacy--unlike, say, Europeans, Americans resist public transportation, don't share tables at restaurants, they maintain a larger personal space between people in public places,etc.
So why do Americans give up all their privacy when it comes to doing the laundry? 
And why don't landlords install laundry machines in each apt unit?
A washer and dryer only cost about a months' rent, and in a private apt they will last for years.
So instead of building a separate room for communal laundry, it can't be that much more expensive to build a small alcove in each apartment with a washer and dryer for the personal use of the resident. And the communal room gets heavy use and needs a lot of upkeep, which is an expense that wouldnt exist if each apartment has a private machine.
So a couple questions:
1) GQ.... Do apartment buildings in other countries provide more private laundry facilities than most American apartments?
2) IMHO...why don't American landlords build laundry machines in each apartment, and then advertise it as a really,really convenient advantage , worth maybe $10 a month more in rent?
3) MPSIMS....for apartment dwellers...wouldn't you really rather have the option of living without the hassle of fighting for an available washing machine?
Vale a pena dar uma conferida nas respostas e pelo que me parece, equipar todos os apartamentos de um prédio com uma "carga energética" maior por causa de lavadoras/secadoras de roupa custaria muito caro para o empreendedor. 
Eu acredito que se considerar que uma secadora de roupas deve ter uns 3 a 4 mil wats e nos EUA não se utilizam chuveiros elétricos que tem potência até maior, realmente sairia muito mais barato uma única sala com esse preparo...porém, uma das respostas eu vi que atualmente os prédios não têm mais esse tipo de lavanderia...como eu disse, por motivo ambiental não deveria ser....
abraço!

Patrícia - segunda, 7 maio 2012
 
Interessante esse lance das lavanderias. Fiquei impressionada com o exemplo, e comentei com um amigo que fez doutorado na Europa, precisamente em Lisboa. Ele me disse que lá existe isso, mas que só quem não tem grana pra ter a máquina própria usa, porque ninguém gosta. Esse link que o Alan postou mostra isso também, ou seja, as pessoas não gostam e até querem que seja diferente. Não invalida o exemplo, mas mostra um outro lado.
Esses foram além do biomimetismo, acho que serve sim de exemplo de produção mais limpa, porque é um meio natural de controlar pragas. Me impressionei com o valor do investimento, altíssimo.
Demais a palestra da Janine Benyus, o site que ela cita é bem legal também
http://www.asknature.org/

Patrícia - segunda, 7 maio 2012
 
Muito interessantes todos os exemplos. O que está me inquietando, é que não consigo encontrar exemplos de aplicação de capitalismo natural com resultados... acho que ninguém conseguiu porque não apareceu ainda aqui no fórum. Uma reportagem que encontrei da revista Exame cita Curitiba como exemplo de uso dos mesmos princípios do capitalismo natural: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0715/noticias/o-capitalismo-natural-m0053454
Nesse site dá pra ler o original: http://www.natcap.org/
Nesse link tem um vídeo que usa a Phillips como exemplo: http://capitalismonatural.wordpress.com/, mas não tem dados concretos, é mais uma propaganda da empresa mesmo.

Patrícia - terça, 8 maio 2012
 
Observação: só acrescentando que quando falo em resultados, pensei em resultados financeiros/sociais/ambientais - o tripé, porque afinal todos os exemplos de biomimetismo são de capitalismo natural, rentáveis, etc... mas pensei em algum exemplo quantificado. 

Uiara - terça, 8 maio 2012
 
Ainda, que a espaçonave pode ser esvaziada de tempos em tempos, mas no caso do nosso planeta creio que levar lixo para a lua não seria muito interessante, nem economicamente viável.
Discutimos alternativas durante as últimas aulas sobre reciclagem, logística reversa, desperdício, ... Os esforços nesse sentido têm sido feitos por diversas empresas, associações, cooperativas.
Certamente não poderemos continuar agindo assim na economia de cowboy. Mas o bom é que, principalmente as empresas, se deram conta do quando oneroso é o desperdício. Já as pessoas parecem, na média, não ter se dado conta disso, talvez porque o desembolso seja de pouco em pouco. A educação familiar contribui muito nesse sentido, porque vivemos (alguns de nós) momentos de tanta recessão, que atualmente queremos nos dar “ao luxo” de esbanjar um pouquinho.
A implantação de um PSS parece uma alternativa interessante, mas depende bastante do segmento de atuação. Embora existam oito tipos, segundo Tukker (2004):
Produto orientado ao serviço
Serviços relacionados ao produto
Treinamento e consultoria
Uso orientado ao serviço
Leasing de produtos
Sharing de produtos
Pooling de produtos
Serviço orientado para os resultados
Gerenciamento da terceirização
Pagamento por unidade de serviço
Resultado funcional
TUKKER, A. Eight types of product service system: eight ways to sustainability? Experiences from Suspronet. Wiley InterScience, 13, p. 246–260, 2004.
Mas se formos pensar, tem muita coisa que é PSS e a gente nem se dá conta. Pelo menos é o que parece, tipo, essas máquinas de café em escritórios são consideradas PSS. Entretanto não considero uma substituição de um produto por um serviço, é somente um produto para outro tipo de ambiente. Móveis planejados são considerados PSS, mas também me parecem ter pouco a ver com as diretrizes (tripés) do desenvolvimento sustentável. Ou não...
Eu não tinha parado para pensar sobre o biomimetismo. As palavras da Janine Benyus, sobre o fato de não sermos os primeiros a fazer as “coisas” deu um estalo na minha mente: “é, de fato, não somos os primeiros, eu nunca tinha pensado dessa forma”. Muito legal isso.
Existem muitas das opções desenvolvidas, pelo que pude ver, que estão ligadas a saúde (o que eu acho simplesmente o máximo).
Ainda estou pesquisando sobre os assuntos, em breve volto com mais notícias.
Mas antes disso, deixo dois sites de empresas brasileiras que trabalham com biotecnologia http://neoprospecta.com/ ; http://www.bioplus.ind.br/
Inclusive uma delas, vamos visitar hoje na disciplina de Fórum ITS

Rafael - terça, 8 maio 2012
 
Olá Colegas ,
Estive pequisando sobre capital natural e encontrei alguns artigos bacanas.
Es primeiro traz conceitualizações importantes sobre os tipos de capital, sustentabilidade, recursos naturais, tudo isso a partir da "visão" da economia.... muito legal recomendo a leitura
http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro1/gt/recursos_hidricos/Valdir%20Frigo%20Denardin.pdf
Também segue a "DECLARAÇÃO DO CAPITAL NATURAL" um documento comtemporâneo promovido por 3 insitutições importantes...com definiçções e e planos... interessante também http://www.naturalcapitaldeclaration.org/wp-content/uploads/2012/04/natural_capital_declaration_port.pdf

Gabriele - terça, 8 maio 2012
 
Ismael! muito boa mesmo essa palestra!!! Acho que além de mostrar a estratégia interessantíssima de olhar e aprender com a natureza, nos faz questionar sobre a visão de supremacia da espécie humana, seres racionais e conscientes, seres inteligentes....... quanto ao capitalismo natural, encontrei um relatório do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) 
http://www.pnuma.org/reeo_port/Documentos/Web%20_Resumo%20executivo%2013-06-11.pdf sobre eficiências na utilização de recursos na América Latina, perspectivas e implicações econômicas.
Não fala diretamente do capitalismo natural, mas mostra um pouco como está a situação. Por exemplo, ele traz dados de como a agricultura no mercosul além de pouco sustentável é ineficiente. É interessante para ver como tem espaços para melhorarmos nessa questão. 
Abs

Valeria - terça, 8 maio 2012
 
Oi pessoal
Sobre a questão das lavanderias condominiais, que entendo ser apenas um dos exemplos com os quais estamos trabalhando para entender e refletir sobre o tema do fórum da semana, achei interessante o comentário da Patrícia, de que só o pessoal que não tem condições de ter uma lavadora própria adere ao sistema.
Como são as coisas, penso eu... minha visão era contrária a isso, pois a experiência que vivi de perto foi de ter uma amiga em um condomínio em Brasília que tinha esse sistema de lavagem de roupas. E ela e os moradores gostavam muito. Havia 3 máquinas de lavar na garagem (não havia nenhuma de secar porque em Brasília tudo seca muito rápido devido ao clima).
Há vários condomínios em Brasília que adotam esse sistema. Provavelmente, o sistema não foi implantado por uma questão de conscientização, já que os que conheço por lá são adotados em condomínios de flats e kits e o fato de não ter uma lavadora de roupas dentro de um apartamento de 30, 35m2 é muito mais uma questão de economia de espaço do que propriamente de conscientização. Seria interessante avaliar o que motiva a implantação dessa iniciativa, tanto nos EUA ou na Europa como no Brasil. Se o fator de motivação for apenas de otimização de espaço, não creio que possamos fazer uma avaliação positiva precipitada de uma afirmação do tipo "Um país como os EUA, rico, poluidor, degradador adota o sistema, enquanto um país, como o Brasil, preocupado com as questões ambientais, não o adota.". A iniciativa seria boa bom e consistente, a meu ver, se o fator gerador da mudança, ou seja, da implantação de um sistema mais limpo, fosse a preocupação com os recursos naturais, e não meramente uma questão econômica e de otimização de espaços produtivos. O ideal, sob meu ponto de vista, é integrar a dimensão ambiental às dimensões econômica e social... e aí caímos no tripé da sustentabilidade, novamente. Tudo passa (ou deveria passar) por aí.
Abraços,

Valeria - terça, 8 maio 2012
 
Pensei na Bioplus também, Uiara. Que bom, estamos todos mais ou menos conectados pelas mesmas ideias. Isso é muito positivo! Vamos explorar mais sobre as experiências da Bioplus na visita de agora à tarde!

Ismael - terça, 8 maio 2012
 
A analogia sobre a economia de cowboy e sobre a Terra ser comparável a uma espaçonave em termos de espaço e recursos restritos é bem interessante e vale ser ressaltada como uma forma de educação e conscientização ambiental. 
Apesar de eu não acreditar ainda que estamos muito perto disso, na verdade distantes ainda, pois há recursos e espaço para suprir nossa demanda por muitos e muitos anos.
Mas esta representação é fantástica pelo poder de esclarecimento que ela oferece, portanto, deve ser utilizada para a educação e conscientização sobre as consequências e atos das pessoas, até mesmo para aprendizado micro, na sua própria residência, na sua própria espaçonave. 

Alan - terça, 8 maio 2012
 
Falando um pouco sobre o artigo do capitalismo natural, eu achei ele realmente importante e "motivador". Uma das frases que achei marcantes é:
"..the markets are full of distortions and perverse incentives.."
Realmente acho isso uma verdade. E acredito que algumas vezes, não é apenas pelo fato de querermos reduzir custos ou aumentar os lucros, mas o fazemos ingenuamente. Como o exemplo dado da empresa de tapetes de Xangai na qual um engenheiro reduziu o consumo de energia de um sistema simples de bombeamento de líquido em 92% apenas trocando o tipo de tubulação. Por que? Porque viu o sistema como um todo. É realmente difícil ver isso na indústria e mais ainda quando vemos os engenheiros utilizarem nos cálculos tabelas de 20, 30 anos atrás. Sempre funcionou, então não precisa mudar. É um pensamento comum e "confortador", porque dificilmente alguém arriscará seu emprego quando está dimensionando um sistema. 
Por outro lado, vejo que alguma coisa está mudando e isso como disse antes, acaba sendo motivador...

Gabriele - terça, 8 maio 2012
 
Boa noite!
Bom, eu estou bem interessada na parte de produção mais limpa na agricultura, e, como vocês já devem ter percebido, me agrada muito a área dos sistemas agroflorestais . Então, como já mencionei anteriormente, acredito que esse é um sistema bastante eficiente e sustentável. Procurando bibliografia, encontrei um artigo muito bom, na verdade vai ser um capítulo de livro, que considera a agroecologia mais do que uma técnica de plantio, considera um paradigma (http://www.agroeco.org/socla/archivospdf/Agroecologia%20%20Novo%20Paradigma%2002052006-ltima%20Verso1.pdf). E para minha surpresa, esse texto usa a teoria da complexidade, o que pode interessar um pouco mais aos colegas que fazem a disciplina de epistemologia do Eugênio. Eles abordam a ecologia sob diversas abordagens: da Física,  da  Economia  Ecológica  e Ecologia  Política,  da Agronomia, da Ecologia, da Biologia, da Educação e Comunicação, da História, da Antropologia e da Sociologia.
Segundo os autores:
“A  agricultura  industrial,  para  viabilizar  os  níveis  de  produtividade  que  vem obtendo,  foi  desenhada  como  um  sistema  dependente  do  seu  entorno  de  modo  que  ela  só  funciona mediante  a  introdução  massiva  de  insumos  externos.  Seu  funcionamento  é  altamente  dependente  de energias e materiais “de fora” do seu agroecossistema, e esta dependência é tanto maior quanto mais simplificado for o desenho do sistema produtivo, como é o caso dos grandes monocultivos de grãos ou de laranja, mamona, beterraba  e cana-de-açúcar,  por  exemplo.
Ao  contrário  deste  modelo  simplificador  e  gerador  de  desordem  ecossistêmica,  desde  a Agroecologia se preconiza uma aproximação ao fechamento dos ciclos biogeoquímicos, isto é, de uso dos  materiais  e  de  energia  localmente  disponíveis,  um  maior  aproveitamento  da  energia  solar,  uma maior complexificação dos agroecossistemas através da ativação biológica dos solos e do incremento da  biodiversidade,  de  modo  a  reduzir  drasticamente  a  dependência  do  entorno  e  a  necessária  e permanente  introdução  de  novos  inputs  industriais  exigidos  pela  agricultura  dita moderna.  É  sabido que  processos biológicos são  mais  parcimoniosos  no  consumo  de  energia  e,  portanto,  na  redução  de entropia, do que os processos induzidos artificialmente (é o caso da fixação simbiótica  de  nitrogênio quando comparada com o aporte de N através de fontes químicas, por exemplo)”.
Abs

Patrícia - quarta, 9 maio 2012
 
A mim parece que o comportamento de "cowboy" ainda impera. 
E a questão da troca de produtos por serviços, no Brasil, não acredito que vai pegar tão cedo, porque é justamente o movimento contrário que na minha reflexão vem sendo incentivado para o crescimento do país. Explico. O próprio movimento de baixa de juros nos bancos públicos fomenta o consumo. As empresas que focam na "base da pirâmide" - como Casas Bahia, por exemplo - facilitam, parcelam, fazem de tudo para que as pessoas que estão em classes menos favorecidas possam adquirir bens de consumo, como, por exemplo máquinas de lavar! Essas pessoas muito sonharam em TER, e não em USAR (produto X serviço). Portanto, a meu ver, o Brasil, com o governo liderando, está caminhando para o aumento do consumo de produtos. Não que seja impossível essas pessoas comprarem os serviços, mas o que vejo é um incentivo no sentido contrário.
Hoje estivemos numa visita a empresa Bioplus, que usa Biotecnologia para gerar soluções ambientais, como tratamento de efluentes. A Ana perguntou sobre a demanda relacionada com a Lei dos resíduos sólidos e a resposta foi que ocorreu aumento da demanda. A Lei, nesse caso, está ajudando. Por outro lado, uma informação que me intrigou na visita foi de que ao desenvolver um produto com biotecnologia existe enorme dificuldade com regulação - não existem leis específicas, os fiscais não tem a menor ideia do que é a biotecnologia e produtos podem ficar sem ir ao mercado por falta de regulação! Mas... o governo considera a biotecnologia uma área estratégica, e abre crédito a fundo perdido para desenvolvimento da mesma. Incoerência total. Se a área é estratégica, por que motivo não se constrói uma regulação? Por que não investir num consórcio de universidades com doutores da área que possam atuar como consultores para elaborar leis específicas e treinar fiscais para atuar na área? 
A Gabi mencionou a complexidade, e me parece que uma visão sistêmica e complexa é o que falta em nossa sociedade, a começar pelo governo. 
Na aula passada comentamos o fato de empresas deixarem de praticar ações que poderiam fazer diferença porque essas não estão no "centro de custos x", ou não afetam a meta ou a área do gestor y... 
A primeira imitação da natureza que vejo ser necessária, e com urgência, é aprender a lidar com a complexidade dos sistemas vivos e dinâmicos. Talvez nos falte capacidade cognitiva, não sei, porque ao mesmo tempo que é tão óbvio... simplesmente não acontece.

Uiara - quarta, 9 maio 2012
 
Olá pessoas,
O Capital Natural são recursos, sistemas vivos e os serviços do ecossistema. De acordo com o livro de Paul Hawken, Amory Lovins e L. Hunter Lovins.
Atualmente, quem tem uma área de terras, que tenha sido herança, etc, e que esteja próximo de uma área urbana, percebe sua valorização. Dependendo da cidade e do lugar, o crescimento é constante. Muitas pessoas vêem seu patrimônio aumentar. Entretanto o que elas fazem, quando essa área verde estiver valendo muito é vender para uma construtora. Logicamente, é necessário reservar uma área de mata (se o terreno for grande) , mas mesmo assim, dá para construir muitos conjuntos do 'minha casa minha vida'.
Mas é bem verdade, que não posso criticar os "caras" que fazem isso, porque eu acho que faria o mesmo. Enquanto a população estiver crescendo, temos que ter onde "enfiar tanta gente". Assim, os sistemas vivos vão morrendo, e eles não podem ser comprados, não são vendidos.
Achei um site que se diz ser de Leonardo Boff. Ele comenta que existem muitos tipos de dívidas:
A mais comum é a dívida econômica, que todos entendem.
Há a dívida política, que é aquilo que o Estado e os portadores de poder deveriam ter feito em benefício do povo e não fizeram.
Há a dívida econômico-política, que as potências colonialistas têm para com os países e povos que eles colonizaram, arrancando suas riquezas, destruindo seus ecossistemas e frustrando os projetos autônomos de liberdade e de construção de sua própria identidade.
Há uma dívida cultural, que os estratos letrados e cultos da sociedade possuem para com o povo, deixado na ignorância e, muitas vezes conscientemente, mantido na alienação para permanecer resignado e não despertar para a sua libertação.
Há uma dívida de evangelização, que as igrejas cristãs têm para com os pobres, os negros e os indígenas, pois não valorizaram suas culturas e suas religiões, mas impuseram o modo de ver e de rezar da cultura cristã, branca e ocidental.
Há, por fim, uma dívida ecológica, que todos temos para com os ecossistemas e para com a Terra, pois os temos depredado e desrespeitado em sua autonomia e em sua relação para conosco.
http://www.triplov.com/boff/divida_ecologica.html
Procurei investimentos em Capital natural e não achei nada nos moldes do que estamos falando. Somente alguns fundos, mas que visavam o desenvolvimento econômico local.
No entanto, achei dois artigos. Um que traz o rumo da taxonomia das barreiras ao investimento em capital natural (Perceptual And Structural Barriers To Investing In Natural Capital: Economics From An Ecological Footprint Perspective)
1) Ignorância, crenças fundamentais e negação social
2) Abstrações econômicas, modelos operacionais de “desviantes” e Conhecimento (ver original, porque a minha tradução pode estar errada)
3) O mimetismo social da racionalidade individual
4) Manifestações físicas e estruturais da sociedade moderna
Essas seriam as características do comportamento da pessoas ou da sociedade que trariam efeitos no capital natural.
Já o outro (Systems Perspective On The Interrelations Between Natural, Human-Made And Cultural Capital) é bem conceitual, trazendo os conceitos de capital humano, natural e cultural.
Abração

Ana Paula - quarta, 9 maio 2012
 
Boa noite povo,
Como diz o Marcio, vim deixar meus centavinhos de contribuição à discussão.
Gostei muito da leitura do artigo "Roteiro para o Capitalismo Natural", uma discussão sobre o capitalismo natural que ainda permanece atual nos dias de hoje. Achei muito interessante a quantidade de exemplos de indústrias que os autores ilustram, dentro das quatro grandes mudanças nas práticas dos negócios que abrangem a jornada para se chegar ao capitalismo natural, sendo todas interligadas. Conforme os autores dizem, o investimento correto em uma das partes do sistema pode produzir múltiplos benefícios em todo o sistema.
Um exemplo que eles citam, como o próprio Felipe falou em aula, são os casos de empresas de carpetes que passaram a vender o serviço de manutenção na parte que foram gastas, em vez de trocar o carpete inteiro (gerando maior desperdício de tempo e maior resíduo).
Outro exemplo, é de um prédio comercial perto de Chicago que modificou o vidro envelhecido de suas janelas por um novo tipo de janela que aproxima mais de seis vezes a luz do sol do que o sistema antigo. O novo sistema reduziu o fluxo de calor e de ruído quatro vezes mais do que o sistema antigo. Mesmo investimento sendo levemente mais caro que o sistema antigo, o custo total de implantação das janelas novas será reduzido uma vez que elas permitem a redução de 75% no uso de ar-condicionado. Esse novo sistema não irá apenas diminuir 75% do total de consumo de energia elétrica do prédio, mas irá melhorar o conforto e a imagem do prédio.
Ainda, o artigo cita a indústria automobilística enfatizando os desperdícios - uma vez que a infraestrutura da indústria automobilística se mostra altamente cara e ineficiente. Então, surge o "Hypercar", integrando o que melhor existe de tecnologia para reduzir o consumo de combustível em 85% e a quantidade de materiais utilizada em 90%, ao introduzir novas inovações. Essas inovações tornaram viável a fabricação livre do poluição (não sei até que ponto seria livre, mas em todo caso...), carros com alta performance, utilitários esporte, picapes e vans que alcançam 80 a 200 milhas por galão.
O artigo fala ainda do que falamos na aula sobre Resíduos Sólidos Urbanos: o sistema cradle2cradle. Desperdício é igual a comida. As empresas devem utilizar o sistema de produção fechada (ou circular) para criar novos produtos e processos que podem prevenir totalmente o desperdício. E para mostrar que o sistema de produção circular é mais do que somente uma teoria, apresenta exemplos de empresas como a Dupont, que reaproveita os filmes de poliéster industriais de seus consumidores após eles terem os utilizado, empregam-os na fabricação de novos filmes.
Entretanto, ao me deparar com os exemplos de empresas e concordando com as iniciativas praticadas por elas, me questionei: mas por que as outras empresas não realizam essas iniciativas, que alinham os objetivos e benefícios econômicos e ambientais? Então, lá na página 14, os autores também se questionam: "Se a estrada (para o capitalismo natural) é tão clara, por que existem tantas empresas se desviando ou caindo no esquecimento?". Eles listam uma série de razões nas quais acreditam que sejam os motivos para responder tal questionamento:
- Os instrumentos utilizados pelas empresas para definir suas metas, mensurar sua performance e definir suas recompensas estão com defeitos (em outras palavras, os mercados estão cheios de incentivos distorcidos e perversos);
- O modo como as empresas alocam o capital e o modo como o governo define a política e impõe impostos;
- As decisões empresariais para comprar pequenas coisas são, geralmente, baseadas em seus custo inicial mais do que o seu ciclo de custo completo, uma prática que pode adicionar um desperdício maior;
- Muitos executivos não dão muita atenção para economizar certos recursos, uma vez que estes representam uma porcentagem pequena perto dos custos totais;
- O governo deveria enfraquecer a ideia de ignorar os benefícios do capitalismo natural pelas empresas. Contudo, impostos acabam penalizando o que mais queremos (empregos e renda) enquanto dá subsídio ao que menos queremos (poluição e esgotamento dos recursos).
Ainda não li todos os postos, mas lanço uma pergunta: e vocês, caros colegas, também não se questionam quanto à adoção de empresas a essas práticas que estamos comentando no fórum? Além dos motivos listados pelos autores, existem outros mais evidentes? Com quem está o interesse? De fato, as empresas estão percebendo que desperdício de recursos significa desperdício de pessoas e de dinheiro? (É, uma pergunta originou várias... hehe).

SABRINA - quarta, 9 maio 2012
 
Legal... Achei muito interessante essa matéria sobre o shopping construido baseado em cupinzeiros! Mas concordo contigo que faltou detalhes.. Então procurei encontrar mais informações sobre o assunto e achei esse site:
http://solidosdearte.blogspot.com.br/2011/06/construcao-civil-baseada-no-cupinzeiro.html
Encontrei também outra forma de arquitetura mais ecológica
Construções super leves com Light Steel Frame


O sistema consiste em construir as estruturas internas com frames de aço galvanizado pré-moldados, fabricados em quantidades e tamanhos exatos antes da montagem.
É um sistema bem ecológico e rápido.
Praticidade é o sinônimo deste sistema que para levantar uma estrutura de 500m² de 2 pavimentos necessita-se de apenas 6 operários.
O tempo também é um ponto importante. Em poucos dias, 2 ou 3, levanta-se a estrutura completa.
Da parte de sustentabilidade temos a questão dos resíduos, que segundo o consultor, são quase zero, pois são fabricados a conta certa de materiais que serão gastos na obra.
A estrutura é muito leve e não precisa de fundações e nem tubulões, apenas um piso de concreto de 10 cm de espessura onde é afixada com parafusos.

SABRINA - quarta, 9 maio 2012
 
Eu também pensei na Bioplus, mas vocês não acham que a solução que ela promove é uma "fim de tubo"?! Por que ela se propõe a tratar o resíduo gerado, o rio poluido, a caixa de gordura saturada... Não que isso não seja fantástico, achei muito legal o trabalho deles, mas acho que a ideia é pensarmos em como não produzir esses resíduos durante a produção! Porque mesmo sendo biorremediação continua sendo custo para a empresa, tratar resíduo é sempre oneroso para a organização.

SABRINA - quarta, 9 maio 2012
 
O autor Jorge Eschholz de Castilho Barbosa, fala sobre o captalismo natural e biomimetismo. Ele diz: "O capitalismo natural faz mais do que conservar a natureza: ele também pode ajudar a salvar toda a sociedade. Ele pode ajudar a suplantar a escassez de trabalho, esperança, segurança e satisfação, atuando sobre sua causa comum - o desperdício de recursos, dinheiro e mão-de-obra. Empresas que reduzem o desperdício de energia e material poderão fornecer um trabalho melhor para um número maior de pessoas - a fonte primordial de inovação. Os países que desviam os impostos dos empregos e do rendimento, fazendo-os recair sobre os detritos e a poluição, necessitarão de menos impostos sobre a renda para reparar os danos tanto contra as famílias como contra a natureza."
Este autor coloca Curitiba como, provavelmente, o melhor modelo do mundo de planejamento integrado, pois foram interligadas as necessidades economicas, sociais e ecológicas, utilizando o conceito-chave de integração - de transporte e de uso da terra, hidrologia e fisiografia, educação e saúde.

Ana Paula - quarta, 9 maio 2012
 
Boa tarde pessoal,
Fiquei instigada com a questão da produção mais limpa nos processos de produção agrícola, uma vez que já tenho ouvido falar e lido bastante sobre a P+L na indústria. Dessa maneira, fui procurar algum material sobre o tema. Nos meus primeiros resultados, encontrei uma dissertação do próprio PPGA, de 1998, quando o nome da nossa área ainda era Planejamento e Gestão de Ciência e Tecnologia, cujo orientador é o nosso professor Felipe! A dissertação é intitulada "A Produção Mais Limpa como Geradora de Inovação e Competitividade: o caso da Fazenda Cerro do Tigre", e está disponível para quem tiver interesse (Gabi!!) no acervo da UFRGS (http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2011/000224634.pdf?sequence=1). O trabalho foca nas práticas realizadas pela fazenda, localizada em Alegrete-RS. Nos resultados, foi possível identificar que os gestores da Fazenda conseguem ligar a P+L com competitividade, através da inovação. É um ciclo: a adoção de P+L requer constante realização de melhorias; as melhorias facilitam a geração de inovações; as inovações facilitam o alcance da competitividade. Na página 77 (ou 76 conforme a numeração da página), aparecem os motivos da adoção da P+L pelos gestores entrevistados, a partir de suas características motivacionais e de conduta. E, o que eu achei muito interessante, são as citações dos trechos das entrevistas nas páginas seguintes. Como por exemplo, recorto o trecho a seguir, de um dos entrevistados: "Não é porque tu está ganhando dinheiro que tu não vê que têm alguns probleminhas que estão acontecendo e que tu tem que ir vendo como é que tu pode melhorar" (p. 78). Na página 132, estão expostos as considerações finais do trabalho, com as relações entre objetivos geral e específicos.
Para quem quiser dar uma olhada rápida, encontrei também um artigo que foi originado a partir desta dissertação (http://www.anpad.org.br/rac/vol_03/dwn/rac-v3-n1-adl.pdf). O objetivo do artigo é divulgar resultados referentes à adoção de estratégias de P+L, como forma de começar a adequar-se aos novos padrões de produtos saudáveis e limpos, exigidos pelo mercado consumidor, e que culminaram com a geração de inovações e de competitividade para a empresa (no caso, a Fazenda Cerro do Tigre).
PS: Achei muito bom o artigo que a Gabi enviou, a abordagem multidimensional utilizada  é uma perspectiva de análise muito interessante! Mas será que efetivamente estamos diante de um novo paradigma para o desenvolvimento rural sustentável?

Ana Paula - quarta, 9 maio 2012
 
Mas, Alan, será que a partir do momento que empresas do mesmo setor acabam adotando práticas de P+L e verificando aumento de competitividade, esses engenheiros ou gestores da empresa não se motivariam para adotar na sua empresa também? Achei muito interessante o artigo, e de perceber que existem vários exemplos de empresas que adotam iniciativas de P+L, dentro das quatro mudanças nas estratégias de negócios (que os autores explicam). E me questiono quanto ao por que que as empresas não utilizam-se de estratégias de P+L e de capitalismo natural. Sei que não é algo nem um pouco simples, mas ainda sim acabo me perguntando! Será que a P+L será um futuro indicador de qualidade nos produtos? De pré-requisito para entrar em determinados setores que já tem iniciativas de P+L consolidadas?

Ana Paula - quarta, 9 maio 2012
 
Nunca tinha ouvido falar desse livro, e tentei encontrar a versão para download ou para ler no computador, mas só encontrei no Amazon e estava indisponível para venda. Entretanto, encontrei uma matéria que fala sobre o seu trabalho no livro (http://www.treehugger.com/clean-technology/bioneers-2008-janine-benyus-natures-best-100-solutions-and-16-businesses-using-biomimicry.html). De acordo com a matéria, a autora Janine Benyus tem uma forte ligação com o biomimetismo e que, em 2008, era presidente do Biomimicry Institute (http://biomimicry.net/). No livro, a autora aborda vários problemas da humanidade e as soluções encontradas para eles na natureza, já descobertas pelo Instituto de Biomimética. O grupo descobriu mais de 2100 soluções após um ano de estudos dos maiores desafios modernos que enfrentamos como espécie, e como a natureza resolve os mesmos problemas.
No final da matéria, tem um vídeo bem interessante com a Janine Benyus. E também coloco mais um vídeo sobre 12 conceitos de Design Sustentável a partir de Biomimetismo por Janine Benyus (http://www.treehugger.com/culture/video-janine-benyus-with-12-sustainable-design-concepts-using-biomimicry.html).
Outra matéria no mesmo site também aborda diretamente o livro de Janine (http://www.treehugger.com/about-treehugger/biomimicry-by-janine-benyus.html). No livro, através de muitos exemplos, Janine nos lembra que, se abrimos os olhos para a natureza que nos rodeia, podemos aprender soluções que realmente podem fomentar o surgimento de novas tecnologias e, ao mesmo tempo, pode nos ajudar a reduzir nosso impacto ambiental.

Ana Paula - quarta, 9 maio 2012
 
Muito boa a palestra!!! Pena que o livro dela não está disponível para podermos conhecer um pouco mais sobre o assunto. Concordo com o que a Gabi falou, ela coloca em evidência a questão da superioridade da espécie, ao mostrar que a natureza faz exatamente o que precisamos para solucionar os nossos problemas e de formas inúmeras vezes melhor. O foco é realmente começar a olhar mais para a natureza, porque ela tem muito a nos ensinar - no sentido de novas tecnologias para sanar nossos problemas e redução dos impactos que nossas atividades causam na própria natureza.

Marcio - quarta, 9 maio 2012
 
Primeiro post construindo sobre as reflexões iniciais do Felipe:
Sobre o uso radical dos recursos naturais:
- O crescimento vertiginoso da população mundial é um fato de já há milhares de anos e estudos de diferentes afirmam que continuará até chegarmos a uma “estabilização” entre 9 e 10 bilhões por volta de 2050. Este dado per se já dá uma perspectiva de quando aumentará nosso impacto na terra e o quanto afirmar que o planeta terra é uma espaçonave com cada vez mais gente, menos espaço e limites intrínsecos na renovação dos recursos é bem realista;
- O grande desafio é que as restrições de recursos ainda são por um lado localizadas (tal como no Saara ou no Oriente Médio) e terceirizadas por outro (comida exportada para a Europa, que sozinha já teria restrições de espaço e capacidade para a produção dos próprios alimentos – petróleo é melhor nem comentar =P), o que faz com que as conseqüências já atuais não sejam sentidas severamente, em especial nas nações mais abastadas economicamente – toda e qualquer previsão de restrições no futuro pode ser julgada como catastrófica e exagerada com a justificativa de que “há anos se fala, mas não há problemas globais generalizados”;
Transformação de produtos em serviços:
- Creio que hoje a substituição de produtos por serviços é mais um possibilidade do que uma tendência. A situação ainda é “nebulosa”, logo é difícil fazer uma ou outra previsão;
- No entanto, a escassez e aumento de preço de recursos naturais acaba viabilizando a transformação de produtos em serviços, pois encarece os produtos e torna sua transformação em serviços mais viável economicamente, tanto para produtores quanto para consumidores e usuários finais;
- Creio que no Brasil ainda levaremos bastante tempo para a adoção de tal modelo, pois ainda há abundancia local de recursos e desafios culturais bastante relevantes. Por algum tempo este mercado ainda será restrito a pessoas mais conscientes ecologicamente, que ainda estão dispostas a pagar um “ticket” por isto;
- Acredito muito no modelo e sou fã de carteirinha. Por muito tempo usei serviços compartilhadas enquanto morava em São Paulo (aluguel de carro, empréstimo de bicicleta, escritório compartilhado, etc) e acho que as perspectivas são boas, mesmo de o prazo para a adoção ainda ser longo. Em termos práticos menos posses podem significar restrições, mas nos casos onde se podem acessar os serviços relacionados a estas posses, não “possuí-las” pode representar menos desperdício de tempo e menos estresse em gerenciá-las. Só para citar o exemplo do carro, quem não se aborreceu em pagar e gastar tempo com IPVA, seguro, estacionamento, manutenção e eventuais consertos maiores?
- Acho que a difusão lenta no Brasil é conseqüência de ainda não existirem incentivos econômicos claros para a substituição em grande parte dos serviços (por exemplo, o aluguel de carro ainda é muito caro!)
Biomimestismo
- Concordo em afirmar que estamos (potencialmente) sentados em uma mina de ouro pouco explorada, mas acredito que a necessidade (mais do que a visão) fará com que aos poucos copiemos mais e mais soluções da natureza;
- O biomimetismo realmente deveria ser uma inspiração para todos os nossos processo industriais;
Investimento no capital natural (exemplos e resultados obtidos)
- Gaviotas, na Colômbia (http://en.wikipedia.org/wiki/Gaviotas)
- Visão futuro (http://www.visaofuturo.org.br/inicio.html)
- Sitio Gralha Azul (http://sitiogralhaazul.net/wordpress/about/)
Segue no próximo post...

Valeria - quarta, 9 maio 2012
 
Oi pessoal
Fico impressionada com a questão do biomimetismo, como há exemplos e como, em pequenos detalhes que antes não havia observado, há componentes que imitam a natureza. Vários colegas colocaram informações e outros materiais (não vi todos, ainda). Eu também gostaria de contribuir com alguns links legais que encontrei sobre biomimetismo:
http://www.faers.com.br/Design/cms/?p=213 (esse aqui trata basicamente das aeronaves, mas também dá o exemplo do maio "olímpico" que foi fruto de uma acalorada discussão nas Olimpíadas de 2008 (quanto tempo isso já!), inspirado no tubarão; das pás das turbinas eólicas, inspiradas nas nadadeiras das baleias; do barulho gerado por um trem bala, resolvido ao se modificar a estrutura da ponta como se fosse o bico de um martim-pescador; de um misturador de água em forma espiralada, copiada da flor copo-de-leite, entre outros)
http://www.ideiasustentavel.com.br/2010/09/especial-tendencia-6-biomimetismo/ (esse é bem mais completo em termos de conceituação, mas também apresenta alguns exemplos e propriedades copiadas da natureza e insere o biomimetismo como um dos princípios do capitalismo natural).
É isso por ora!
Abraços,

Minelle - quarta, 9 maio 2012
 
Patrícia acho que essa falta de exemplos no Brasil, não deve ser visto como algo desesperador, faz pouco mais de uma década que se está trabalhando com temáticas voltadas para uma maior responsabilidade das empresas no contexto brasileiro, portanto, é pouco provável que muitas informações e respostas a muitos de nossos questionamentos possam ser aqui observados.
Eu me questiono se o capitalismo natural seria de fato aplicável, sabe? Isso porque acho que estamos apenas remediando, sem reestruturar de forma intensa muitas das práticas modificadas. Achei interessante o artigo que a Ana postou sobre a fazenda, e como vcs pode observar eram iniciativas incipientes para a época e diferenciadas ao mesmo tempo, porque pouco se tinha sobre. Atualmente será que existe espaço para essa mudança enquanto nova forma de atuação ou apenas como um nicho de mercado?
Inquietações apenas...
Até!

Valeria - quarta, 9 maio 2012
 
Oi de novo
Alguém conhece o caso da Fazenda Quinta da Estância Grande, em Viamão? Ela foi destaque em responsabilidade social e tem foco no turismo ecopedagógico. O link geral da fazenda é http://www.quinta-da-estancia.com.br/index.htm
É o primeiro empreendimento turístico no Brasil a assinar o Pacto Global das Nações Unidas e a receber o Certificado de Neutralização de Carbono (Carbon Free)... isso nos lembra algo que já estudamos, não?! Ao que tudo indica, todo evento feito na fazenda tem suas emissões de CO2 neutralizadas por meio do plantio de árvores. Há, também, uma sugestão de temas a serem abordados com a temática da sustentabilidade, organizado por série escolar, desde o maternal ao ensino médio. http://www.quinta-da-estancia.com.br/educacao/educacao.htm.
No site do Centro SEBRAE de Sustentabilidade tem uma matéria sobre a fazenda: http://www.sustentabilidade.sebrae.com.br/portal/site/Sustentabilidade/menuitem.23dec8f3abd1fb4f73042f20a27fe1ca/?vgnextoid=032c249ae28e5310VgnVCM1000002af71eacRCRD&vgnextfmt=default
Lá se trabalha em 6 eixos, que contém vários dos temas dos quais já discutimos e, também, do fórum dessa semana:
1. Criadouro Conservacionista que cria e reproduz animais silvestres do Brasil, especialmente espécies em vias de extinção como harpia, jacutinga, mutuns, papagaio charão.
2. Identificação e recuperação de aves e outros animais apreendidos pelo IBAMA, Brigada Ambiental e Polícia Federal.
3. Preservação das matas nativas e ciliares que, além de protegerem córregos cristalinos, guardam bromélias, orquídeas, figueiras centenárias, bugios, pássaros e outros animais residentes.
4. Preservação do meio ambiente com a recuperação do lixo orgânico através do minhocário e compostagem (com utilização do húmus na horta orgânica e no Jardim dos Beija-Flores) e recuperação do lixo seco através da parceria firmada com a ONG Profetas da Ecologia.
5. Tratamento biológico de água servida com raízes de junco evitando a contaminação do subsolo e lençóis freáticos.
6. CARBON-FREE QUINTA DA ESTÂNCIA GRANDE, onde todo o gás carbônico gerado pela Fazenda e por seus visitantes são neutralizados através do plantio de árvores (seqüestro de gás carbônico da atmosfera).
Em 2003, a fazenda implantou uma unidade de tratamento biológica natural com raízes de junco para a recuperação da água utilizada pela própria fazenda (ei, alguém lembra que vimos um sistema de tratamento biológico para recuperação da água na Bioplus ontem?). Este processo ocorre através da associação solo / planta, onde as raízes retiram do efluente nutrientes químicos como nitrogênio, metais pesados, fósforo e matéria orgânica para o crescimento da planta, criando um ambiente biológico favorável ao desenvolvimento de bactérias benéficas no leito filtrante e produzindo um bactericida que elimina grande parte dos coliformes fecais (99%). Processo seguro e eficaz que reproduz um ecossistema natural (o princípio do biomimetismo), não gera mau cheiro e transforma-se em um belo jardim.
Achei muito interessante, mesmo sendo um negócio, o tipo de trabalho que a fazenda desenvolve. Creio que pode servir de subsídios a alguns colegas na elaboração de seus artigos, por abordar alguns dos temas sobre os quais já trabalhamos.
Abraços,

Camila - quinta, 10 maio 2012
 
Oi gente,
minha contribuição para as reflexões da aula... 
Penso que o comportamento estilo cowboy (infelizmente) ainda é o que predomina... muito talvez pela questão que os colegas trouxeram, da tal “superioridade humana” que ainda impera no inconsciente coletivo. 
Fiquei pensando sobre o assunto a partir da leitura do artigo, e a conclusão que cheguei é que as empresas vêem as partes do processo como coisas separadas (normalmente as empresas se preocupam somente com o custo inicial, e não com o custo final do processo como um todo – que engloba o tratamento de resíduos, por exemplo). Ai voltamos à questão que foi levantada na visita que fizemos à ACGO (na disciplina do Fórum ITS), onde os setores da empresa (por exemplo, o setor comercial e o de responsabilidade ambiental) não conversam. 
No lugar de remediar, temos que prevenir. E ai, novamente, questionamos: por que então as empresas não fazem isso, se de forma geral, o resultado é positivo em todos os sentidos? Sinceramente, penso que além de uma questão cultural/de educação, há também a questão econômica, é claro... é muito complicado reajustar uma estrutura ou uma forma de organizar coisas que já estão estabelecidas. Enfim, é algo para pensarmos... em como viabilizar ações e políticas sustentáveis dentro das empresas para que elas efetivamente aconteçam.
Ainda sobre o artigo, achei muito interessante a parte que fala que, por exemplo, se for preciso três quilos de "matéria prima" para produzir um quilo de produto, então, não utilizar um quilo de produto irá poupar três quilos de matéria prima.... temos que fazer o pensamento inverso e tentar enxergar o ciclo inteiro, e não somente uma ponta. O problema é que dificilmente se faz isso.
Na verdade, investir no capital natural traz benefícios que talvez em um primeiro olhar as empresas não se deem conta (será?). Ou talvez estejam começando a perceber isso... mas na prática, me parece que a grande maioria ainda não investe no capital natural (e ai voltamos aos questionamentos anteriores).
Acho sim que estamos diante de "uma mina de ouro”, que é a própria natureza... por isso inclusive acho que o biomimetismo é tão interessante. É o movimento inverso, é olhar para a ponto inicial do ciclo e ver que temos muita coisa incrível ai e que temos muito o que aprender ainda. Se o pensamento cowboy não for modificado, estaremos todos perdendo: a natureza, a sociedade, a economia, enfim. 
Ah! E Val, eu conheço a Quinta da Estância Grande... fui visitar algumas vezes com o colégio! Realmente, é muito legal o que eles fazem lá. Eu adorava, pelo menos. Acho que é o tipo de lugar muito interessante para levar alunos do ensino fundamental, por exemplo, e iniciar essa consciência ecológica vendo as coisas na prática.
E... por hoje é só, pessoal! 
Bjsbjs.

Fernando - sábado, 9 junho 2012
 
Programa busca conexões inspirado em rede social das formigas
As formigas são capazes de traçar rotas diretas até as fontes de alimento sem precisar seguir todos os rastros de feromônio deixados enquanto as batedoras procuravam pela comida.



Amigos, entregas e neurônios
Cientistas espanhóis criaram um algoritmo que usa o comportamento das formigas para encontrar conexões entre membros de uma rede social.
Um dos desafios para criar um programa desse tipo é que as redes sociais são gigantescas, exigindo um processamento muito pesado. E quem busca as conexões de alguém quer a resposta muito rapidamente.
Quando expressaram o problema em termos da teoria dos grafos, Jessica Rivero e seus colegas da Universidade Carlos III descobriram que o esforço poderia valer a pena porque a solução teria uma utilização muito ampla.
Por exemplo, um programa eficiente desse tipo permite traçar rotas para caminhões de entrega, descobrir caminhos mais curtos em navegadores GPS, saber se duas palavras estão relacionadas de alguma forma - ou descobrir as conexões entre pessoas nas redes sociais.
Além do interesse ou da curiosidade dos próprios usuários, as conexões nas redes sociais têm sido cada vez mais usadas como instrumento de pesquisa pela antropologia e pela psicologia. O mesmo mecanismo é usado pela neurociência para o estudo das conexões entre os neurônios.
Múltiplas trilhas
Cada indivíduo, ou cada ponto de entrega, ou cada destino, são representados como pontos de um grafo - grafo é uma representação que usa pontos interligados por retas para mostrar as interconexões de uma rede.
Percorrer todas as rotas possíveis para encontrar as ligações é um problema que cresce exponencialmente conforme se avança pelos nós individuais, tornando essa técnica de força bruta inviável em termos computacionais quando os grafos têm mais do que algumas centenas de nós.
Os pesquisadores espanhóis foram buscar inspiração nas formigas, que constroem trilhas a partir do seu formigueiro para encontrar comida.
Eles explicam que, além da trilha química que as formigas traçam usando seu feromônio, quando estão buscando alimento, elas deixam outros sinais químicos, equivalentes do "cheiro da comida".
E isto permite que a colônia localize a fonte de alimento muito mais rapidamente e de forma praticamente direta, sem ter que percorrer todos os múltiplos caminhos que as batedoras usaram quando estavam procurando o alimento.
Algoritmos inspirados em insetos
Embora muitos outros programadores já tenham se inspirado no comportamento de insetos para desenvolver algoritmos de busca, a inclusão desses sinalizadores adicionais deu resultados estupendos.
"Os resultados iniciais mostram que a aplicação desse algoritmo às redes sociais gera uma resposta ótima em um tempo muito curto, na casa das dezenas de milissegundos," contou Jessica.
Segundo ela, o principal ganho é que, imitando as trilhas multiplamente sinalizadas das formigas, torna-se possível evitar a modificação do grafo para a busca, reduzindo muito o tempo de processamento.
Bibliografia:
Using the ACO algorithm for path searches in social networks
Jessica Rivero, María Dolores Cuadra, Francisco Javier Calle, Pedro Isasi
Applied Intelligence
Vol.: 36, Number 4 (2012), 899-917
DOI: 10.1007/s10489-011-0304-1

Fernando - sábado, 9 junho 2012
 
Selim com suspensão ativa é feito com músculos artificiais
No primeiro plano é possível ver a rede de eletrodos da pilha atuadora, com o elastômero aparecendo ao fundo. No detalhe, a estrutura perfurada dos eletrodos. [Imagem: Fraunhofer-Gesellschaft]
Amortecedor ativo
Não é necessário andar por uma rua de paralelepípedos para sentir desconforto no selim de uma bicicleta: basta experimentar o asfalto da maioria das cidades brasileiras.
Engenheiros do Instituto Fraunhofer, na Alemanha, acreditam ter encontrado uma solução melhor do que os elastômeros usados hoje para acolchoar os selins.
A equipe do Dr. William Kaal criou uma espécie de elastômero ativo, um material no qual são incorporados músculos artificiais capazes de reagir rapidamente às vibrações, funcionando com um amortecedor.
Da mesma forma que um tenista diminui a velocidade da bola puxando a raquete para trás na hora da rebatida, o elastômero ativo tira energia das vibrações movendo-se alternadamente num e noutro sentido.
Teoricamente é possível dissipar completamente as vibrações usando esse mecanismo, embora os resultados tenham sido excelentes com bem menos do que isso.
Pilha atuadora
Os músculos artificiais, ou polímeros eletroativos, são materiais elásticos que mudam de forma sob a ação de um campo elétrico.
Para contrabalançar vibrações, o truque é usar uma corrente alternada, o que faz com que o próprio músculo artificial vibre no sentido oposto.
Para coordenar os dois movimentos, de forma a anular as vibrações vindas do solo, é usado um sistema composto de um sensor, para detectar as vibrações, e um circuito eletrônico para controlar a forma de onda da corrente alternada, que controla a "contra-vibração" do músculo artificial.
O protótipo tem 40 camadas de polímeros eletroativos, formando o que o pesquisador chama de "pilha atuadora".
Selim com suspensão ativa
"A grande dificuldade foi projetar os eletrodos necessários para aplicarmos o campo elétrico a cada uma das camadas," conta Kaal.
Eletrodos de metal comum são rígidos demais, e atrapalhavam a deformação das camadas de músculos artificiais. Mas Jan Hansmann, outro membro da equipe, encontrou a solução.
"Nós fizemos furos microscópicos nos eletrodos. Quando a tensão elétrica deforma o elastômero, então ele pode se dispersar por esses furos," conta Hansmann.
O resultado é um atuador com a espessura similar à da cobertura de um selim de bicicleta, mas capaz de subir e descer várias vezes por segundo, dando um conforto muito maior: um autêntico selim com suspensão ativa.
Coxins ativos
O resultado foi tão bom que os engenheiros já falam em usar seu dispositivo antivibração em automóveis, por exemplo, substituindo os coxins do motor e da suspensão.
Além disso, o funcionamento da pilha atuadora pode ser invertido: em vez de produzir vibrações para manter sua superfície estável, ela pode absorver as vibrações e gerar energia, abastecendo equipamentos em locais de difícil acesso.
Parece que, depois que descobriram como a bicicleta funciona, os engenheiros decidiram dar um banho de tecnologia nas magrelas: além do selim com suspensão ativa agora criado, elas já contam com sistema regenerativo de energia, câmbio automático e freio wireless.
E, para quem não se contenta em pedalar, logo estarão disponíveis bicicletas elétricas alimentadas a hidrogênio, e até uma bicicleta voadora.


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